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O primeiro caderno vermelho - o livro francês 1
R.N.Rodrigues



O LIVRO FRANCÊS

1

Preparei os ferrolhos e dobradiças do portão do Irmão. Apareceu um serviço extra e ganhei vinte reais.
Meio-dia e vinte e cinco minutos na sala de estar da pequena Casa Grande dos Bambas na Vila Embratel - minha cunhada almoça, depois de preparar o desjejum de seus animais. Clarinha brinca inocentemente no sofá, Mama Grande vai para o banheiro, professor deitado, Seu Pietro com o celular na penumbra do quarto de Larissa e Sarinha no computador. Um lapso muito grande, minha cunhada chama Seu Pietro para colocar o cão Bruce para dentro. A chuva cai, levanto-me para fechar a porta e a janela do nosso quarto - Continuou lendo "Ana Karenina" de Tolstói - as minhas angustias e neuras comum aumentam, um friozinho entra pela rotula da porta.
- Vai te sentar ali, menina - Ordena minha zangada cunhada para a pequenina e irrequieta Clarinha - os pingos grossos estatelam-se nos telhados, nos cimentos e nos asfaltos.- agora vou me banhar.
Clarinha assusta-se ao perceber que perdeu um dos brincos que estavam na sua orelha direita. Mama Grande sentada de pernas cruzadas. A chuva aumenta de intensidade - As preocupações inerentes a oficina e suas fissuras. O odor de terra molhada e um ventinho frio, mas o calor não se dissipa facilmente. Seu Pietro sai abruptamente, a minha cunhada pergunta-lhe aonde vai? Se vai ao centro?
- O tempo esfriou, as nuvens cinzas cobrem todo o céu. A chuva parou, os cães ladram, o filme terminou com um final feliz e eu continuou na minha insignificância, com receio de ir ao Seu Raposo, temeroso de ter falado alguma besteira quando alcoolizado. Minhas unhas das mãos sujas assim como a minha vida - vivendo sem uma razão aparente, sem nenhum objetivo - gastando tudo que ganho com coisa sem nexo. Espero por um livro que nunca chega, por uma mulher que nunca vai aparecer - Clarinha deitada no sofá, abro porta para o ar frio.
No fundo da oficina fechada depois de apertar o néctar dos deuses. Passei pela praça do Viva, o arraial esta quase pronto, as barracas montadas. Encontrei com Zé Carlos ou Matraca, filho adotivo de Seu Gabriel. È da minha mesma idade, é de julho e eu sou de dezembro de 1960. Caramba, devo confessar que estou um pouco embriagado, com essa erva potente, o tal "bondinho" - as mãos estão frias. Se eu tivesse de ressaca estaria muito ruim, com já aconteceu de ficar loucão, mas sem perder o prumo. Estou a quatro dias sem beber álcool. Não posso deixar morrer o escritor que há em mim. Essa veio de encomenda, darei um tempo aqui até estabilizar-me, tenho receio de perder os movimentos das pernas, as vezes não tem força para sustentar o peso dos ossos. Continuou achando que vacilei novamente no Seu Raposo, mas vou encara-lo. A lombra diminui um pouco suspiro aliviado. A mente a todo vapor com suas maluquices a que tenho direito ou não. Leio Tolstói, simultaneamente também lia "Moll Flandes" de Defoe e lembrando-me de Cervantes e o seu genial Dom Quixote. Minutos depois de reler os primeiros textos do Caderno Amarelo (Enquanto Escrevo) - estão dentro do que realmente quero que as pessoas me compreendam.
No aconchego do III - Casa Bamba/ Vila Embratel
Sarinha e suas amiguinhas do Salão conversam animadamente na porta do terraço. Mama Grande pede-me para levanta-la da cadeira. Minha cunhada tricotando, Clarinha ao lado no sofá, Larissa no computador e professor dormindo com a lâmpada apagada no quarto do casal. A cadela solitária late no quintal. Sarinha entra de supetão - não fui a lan-house - a vontade agora é terminar a leitura de "Ana Karenina" - Na praça a rapaziada jogava um animado dominó sobre uma improvisada mesinha de caixote. As duplas Matraca e Seu Riba Fodinha - Pelezinho e Seu Barriga da Caema - depois chegou Adeilton Godinho um pouco estranho e Seu Sales.Resolvi então comprar cigarros no Loyola no outro lado do Mercado e duas mariolas que degustei enquanto conversava com Seu Bira, operador de retroescavadeira, esta trabalhando no município de Sertãozinho abrindo uma estrada vicinal.
Um jantar nada frugal - ovo frito, macarrão e feijão. Minha cunhada e as filhas devoram um pedaço de bolo como um bando de leoas. Antenor com sempre irônico. Clarinha merenda junta com a bisavó Mama Grande. Sarinha e o marido vão embora para a casinha deles no Residencial Paraíso. Minha cunhada tenta animar mamãe a comer o mingau.- Merendei umas bolachas agua e sal com café sem leite.Fumei um "careta" depois , fiquei um pouco zonzo. Estávamos vendo o filme "A mosca", a versão moderna do clássico do terror dos anos 50, "A Mosca da Cabeça Branca" - a voz de um cantor de serenata vem de longe trazida pelo vento. Todos deitados, o tic-tac do relógio de parede. Bruce, o cão deitado aos meus pés. Obrigado Senhor por mais um dia vivido sem problema. Vou deitar e tentar dormir um pouco para encarar melhor o dia de amanhã.


Biografia:
Sou ludovicense, serralheiro e adoro escrever. ja publiquei dois livros de poesias e agora estou publicando os meus poemas no site francês.
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Outros títulos do mesmo autor

Poesias Reflexão a meia luz R.N.Rodrigues

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Publicações de número 171 até 171 de um total de 171.


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