Como fazem os bruxos,
todos os dias pela manhã,
a lavarem as pétalas das rosas que se mancharam de tristeza,
a lhes porem de novo o pólen da alegria e, de alma sã,
a mais nova anuncia que o novo dia nasce repleto de beleza...
Como fazem os rios com as pedras,
que as lavam e as lambem,
reluzem ao lado das frias gotas as menores, ainda grãos,
o sol lhes dá os olhos e a sedosa
pele se recobre com enxames
de abelhas de luz dourando sentimentos
de cada pequenino coração...
Como fazem as palavras que se juntam a escrever, sem sentido,
a ditarem o ritmo como faz a chuva
quando salta do céu alto,
e nós, sombras atrás de janelas
a espiarem o mais doce olvido,
nos sentamos à mesa da vida
e um pouco de amor pomos no prato...
Como fazem as coisas esquecidas
que se lembram de cada segundo,
abraçadas à memória que as guardam
do que nós perdemos,
envoltas são pela película celestial
de centelhas de olhos do mundo,
que as lembrarão por terem sido
parte de tudo o que nós vivemos...
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