Passo por uma casa e a cortina se mexe,
alguém se afasta e some no corredor;
será a musa que meu amor pede
ou apenas um estranho ardor?
Perco todo o tempo que tenho
a esperar que apareça tal pessoa,
nem sei onde estou, nem de onde venho,
só o clarim da paixão em mim soa...
Soubesse eu antes que o amor era tão antigo,
que já me conhecia e que o trazia comigo,
teria feito de meus passos o caminho seguro,
teria saltado, sem medo, esse estranho muro...
Agora sobra-me a espera que tece meus dias,
vasta ampulheta que da praia rouba seus grãos;
versos miúdos teço até tornar-me a poesia
que docemente me leva até seu coração...
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