Queria ter um coração de rouxinol
todo em bemol
a descer ao campo das mãos humanas
onde pianistas tocam a insana
ode da nossa aceitação:
raiz decimal
de toda a conceituação...
Queria ter uma lasca de poesia
enfiada debaixo da unha do polegar
para ver o sangue que escorria
enviando glóbulos ao idiota mar...
Posso ser sincero e ao mesmo tempo rústico,
ser mísero mono ou um coração acústico,
voz de anjo sem dentes
a recitar poemas dementes...
Queria
ir
mas isso não poderia
fazer
sem o espírito
mover...
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