Quando alguma coisa vai embora,
sem fechar a porta,
que fica aberta à tempestades,
sinto como se uma perdida hora
escapasse dos ponteiros incansáveis...
O mundo, diluído numa filosofia de copos,
em minhas mãos sem luvas,
toma outra forma e cansa minhas retinas;
prefiro pensar no que se foi
e que, acenando, dobrou a esquina
num longínquo adeus...
Num dia qualquer a prateleira vai estar vazia,
a alma, cansada de vagar
por estranhas pradarias,
sem nada mais a guardar
nos bolsos do coração,
abrirá os braços,
voará, sem destino,
em qualquer direção...
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