Venerandos palhaços
que não já fazem ninguém rir
desmontam a lona e enchem os caminhões
e vão pela estrada cantando cantigas,
o sol os engole no final da tarde
e de noite parecem pássaros
a voarem dentro de um túnel escuro...
Amigos, essas coisas que enchem o peito
de música barata e bebidas de cinco centavos,
estão eles lá esperando que o tempo
se apiede e dê-lhes brinquedos de corda,
facas ferozes para maçãs vermelhas doloridas,
assim escapam por entre cortinas
que o tempo estende para secar
desenhos pintados à mão...
Ouço a cruz caindo no despenhadeiro
e um homem surgindo, todo arrebentado,
é o palhaço-rei que brincava com Deus,
traz as laranjas e os pêssegos e as rãs,
finge ser outro, mas um o reconhece,
quando chega ao palco é beijado novamente,
cerra os dentes, diz um palavrão,
se deita na cruz e amarram suas mãos
com cordas de veleiros encostados no cais.
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