|
A noite adentra e as vestes caem. Escuridão e desejo, penumbra e deleite. O corpo ardente e o espírito harmonioso almejam o gozo. Os lamentos são desprezados e somente ouve-se o som da luxúria, a alma devassa entrega-se ao pecado na intenção de afogar as angústias no mar caótico da perdição. O vento profano espalha pela cidade o pecado e os beatos de plantão, ajoelhados em suas preces, tornam-se sacanas promíscuos. A libertinagem se apodera da madrugada, os gritos e gemidos soam como canção para a valsa imoral que corrompe os seres. Os corpos desgarrados da pureza libertam suas almas para o baile e durante toda noite, sob a luz do luar, se vive. Terminam a noite sem escrúpulos, sem honra, sem nada. O Sol começa a surgir e a música cessa e todos começam a voltar para suas rotinas decadentes. O aguardo pela chegada da noite seguinte se torna o único motivo para querer se manter vivo e seguir nessa vida enfadonha.
|