Tenho orgulho
e não sei o que o orgulho é,
se curto ou comprido,
se da cabeça aos pés...
Tenho fastio
e nem reparo no que significa,
se muxoxo, desdém, abandono,
ou se quando pouco se multiplica...
Tem certas coisas que tenho
e nem sei se erradas são;
sei que de onde venho
nada vivido é em vão...
Tenho posto o rosto diante da palavra,
por isso esse imenso silêncio catártico;
saboreado tenho a poesia como se larva
num toco oco de dicionário prático...
Tenho vivido como o elefante de marfim,
absorto, imerso na consciência do hai-kai,
praticado a meditação como ela a mim;
assopra o vento e o pólen de mim sai...
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