Nada é mais sânscrito
do que o cântico
do poeta
sobre o soldado morto
que caminhava, absorto,
ao lado do Muro das Lamentações...
Nada é mais impronunciável
do que o gerúndio inexplicável
que escapa da boca do poeta
quando poucos segundos lhe resta
para dar fim ao longo poema...
Nada é mais detestável
do que o imensurável
desprezo
que tem o gelo
pela água que passa,
vã, roliça,
lassa...
Nada é mais cúbico
do que o túrgido
coelho
à procura de Alice
entre seixos
perdidos na fuligem,
fora do eixo,
com uma cartola
de onde saem pérolas
constipadas,
dizendo - saúde!,
por nada...
Nada é mais louvável
do que o provável
conluio matrimonial
entre o arrulho
e o pio do pardal
na cumeeira
da casa construída
à beira do abismo seminal...
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