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Emilie
Marcelo Pereira de Almeida

Eram seis da tarde quando Emilie decidiu declarar todo seu amor a Clark. Eles trabalhavam juntos há pelo menos um ano, porém ele homem de meia idade e charme que conquistaria até mulheres desacreditadas nunca percebera que aquela bela morena de olhos verdes escondia um sentimento avassalador e que ela julgava muitas vezes bobo e infantil.
Ao passo em que os minutos corriam, Emilie entrava em labirintos com seus pensamentos, porque afinal de contas não seria fácil dizer ao galã de sua agência de publicidade que ela estaria apaixonada e pior, que era coisa séria, um enlace com direito a casamento e toda aquela parafernália. Já passavam das seis e dez quando ela de maneira tímida recusou o convite dos colegas de seção para o tradicional happy hour da tarde.
Clark era um sujeito que não era muito ligado em sentimentalismos, tinha o instinto de um animal quando o assunto era se relacionar, já fora casado anteriormente e não queria “enroscar-se” como dizia para não ter que dar “explicações” sobre onde estava com quem estava e que horas chegaria. Apesar disso sentia muito apreço pela amizade daquela morena cobiçada por todos em seu departamento, mas que não dava bola a ninguém porque já tinha em sua vida um “escolhido”. Ele a alertara uma dezena de vezes para não dar atenção aos “vagabundos” da rua e que seu amor seria uma espécie de tesouro para qualquer homem, porém mal sabia que ele era o escolhido para desfrutar de tal amor valioso. As luzes do escritório apagavam-se devagar as seis e vinte e quatro quando os dois cruzaram seus olhares já sabendo o que este queria dizer, era um convite animado (a dois) para um chá em uma cafeteria a poucos quarteirões dali.
No trajeto conversaram calmamente, o assunto em pauta era a gincana entre agências que ocorreria na semana seguinte, Emilie como sempre queria saber das empreitadas amorosas de Clark a fim de defender-se daquela idéia que julgava ser ridícula, declarar o seu amor, mas diferente de outros dias Clark deteve-se a falar somente sobre a demanda de trabalho e de como a próxima semana seria difícil. Isso frustrou momentaneamente Emilie que tentava encorajar-se para dizer duas ou três palavras que mudariam suas vidas para sempre.
Ao chegarem à cafeteria, o clima aconchegante e o cheiro sedutor do café aguçaram a imaginação de Emilie que começara a falar eloqüentemente sobre o misterioso homem que habitava a imensidão de seu coração e Clark ficou intrigado em saber quem era aquele homem. Por mais mulherengo que fosse, talvez o seu sonho fosse encontrar alguém que o compreendesse e estivesse do seu lado como companheira e não dona, Emilie preenchia estes requisitos mas seu coração bandido não acreditava que ele pudesse ter tamanha sorte. O assunto desenrolou-se ao gosto suave do café feito na hora e de biscoitos amanteigados.
Horas mais tarde caminhando de encontro ao metrô, Emilie declarou todo o seu sentimento a Clark. Algumas palavras saíram embriagadas pois as lagrimas tomavam conta de seu rosto, como ela costumava dizer coisas de mulher sentimental. Ele surpreso e angustiado não conseguia acreditar que a mesma mulher com quem compartilhava seus mais obscuros segredos era aquela que lhe escolhera para ser o homem de sua vida. Uma confusão de pensamentos lhe atormentava de tal modo que era impossível prosseguir, parou e pensou que era chegado o momento que aguardara por toda a vida, era a hora de abrir as portas de seu coração para o amor.
Enquanto Clark retorcia-se em seus pensamentos, Emilie já mais descontraída e divertindo-se com o que acabara de aprontar sentia-se mais serena, mais calma e estava disposta a seguir até o fim para conquistar o homem de sua vida. Ela usou de argumentos convincentes, sedutores, ousou e causou no coração bandido uma enorme dúvida: seria capaz aquela moça de olhos verdes corresponder a todas as atribuições que ele desejara com muita força, força essa capaz de magoar outros corações por mero capricho? Como não podia responder a essas perguntas com prontidão, Clark resolveu pensar e pediu um tempo a Emilie, que já estava satisfeita em ter dito tudo o que sentia, o que viria a seguir seria fruto do destino, e como ela acreditava bastante certamente o desfecho seria feliz.
Os dias passaram e a alegria que tomara conta dos olhos de Emilie desapareceu, era como se fosse um jardim vazio, devastado por um ataque nuclear. Seu amigo Clark antes receptivo e bem humorado pouco falava, evitava ao máximo o contato entre os dois e andava pelos corredores com o semblante fechado, Emilie já estava desacreditada e pronta para arrumar seus pertences às seis quarenta de uma terça feira quando Clark a convidou para sair.
O fim de tarde gélido pôde assistir a um encontro cheio de dúvidas e receios, Clark perguntava diversas vezes a Emilie porque o escolheu, ela por sua vez dizia que o coração não escolhe e que desse uma chance para que pudessem enfim construir uma história, abraçaram-se, e a noite começou a esconder o dia quando aconteceu o primeiro beijo. Ao passo que a noite caía dois sentimentos unidos por apenas um desejo começavam a escrever o seu nome na galeria daquele que seria para o mundo o amor de todos os tempos.


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