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Antibioticoterápicos
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Fernanda Lima

Eu acostumada a ficar dentro de casa
você com seus com-ple-ta-men-te pés brancos na estrada
eu nem tão calma, mas o rosto engana fácil que sim
você com o rosto fechado, mas com a alma tran-qui-la-men-te repousada
as aparências enganam, eu pra você, casa: você pra mim, pousada
você pra mim:
tudo!

Fico esperando que o telefone toque para que uma voz conhecida me convide para tomar café às cinco da tarde, no outono, numa cidade qualquer, eu não estaria cansada, nem com a cabeça pesada de antibioticoterápicos, eu nem seria essa pessoa amarga que adoça o café a espera de também a vida; fico na espera de ganhar uma passagem para qualquer lugar que não esse, e caminhar por entre multidões dispersas; desesperadas pessoas aos seus rumos, meus pulmões não seriam fracos, fumaria por entre as gentes na urbanização sem nem mesmo poluir o ar, se cansar, o ônibus de volta para casa passaria cinco minutos depois de estar na parada, a minha cabeça não seria esse zumbido constante como se moscas morassem em mim, como se eu fosse todos os presidiários loucos psicopatas mortos vivos pessoas animais selvagens calmos fumaça cortante lábios desejo despejo de casa sexo montanha funeral frutas; como eu não fosse tão todo mundo e continuasse sentindo tudo isso assim in-ten-sa-men-te sem ferir nem machucar ninguém.

Onde seja casualmente possível ter olhos psicóticos que soltam balões de uns olhos para os outros e que não seja a ser doentio, num mundo onde os psiquiatras não existissem e loucura fosse apenas o único jeito de ser real com as coisas; o mundo; tudo isso estratosfericamente inalando fumaça sem conseguir respirar ou morrer [...] SOU O SUFOCO. SÓ O SU-FO-CO. Sacola plástica apertando os miolos, corda em volta do pescoço, apertando apertando com dor mas sem morrer afogando engolindo água sem desmaiar se atirando e só a queda [...] como se fôssemos inquebráveis como papelões [...] que podem ser trocados e jogamos todo que tipo de droga, móvel, planta, abajur, qualquer coisa dentro [...] eu sequer consigo escolher um lugar dentro de mim ou fora con-for-tá-vel assim; estilo médico na sua cadeira giratória, não me sinto confortável feito doentes à meses na cama.

Fico esperando qualquer coisa que cubra esse silêncio inegável de que [..] de que, eu não sou tão sem ritmo assim, eu tenho meu samba, mas o café esfriou e eu sequer quero levantar pra pagar a conta.
E quando o relógio do sol marca qualquer horário em que seja dispensável não precisar obrigatoriamente olhar os ponteiros, eu visto minha única blusa amarela que faz-me parecer sol; mas um sol que é possível deixar-se ser tocado sem queimar, ferir, arder os olhos [...] brilho imenso feito áurea de anjo que só vi em desenhos animados ou pintados; traçados na grandiosidade do universo e de palavras gigantescas para o contraponto de serem descartadas como especiais demais. Sabe ao que me refiro [...] quanto menor a palavra mais sincera é: amor, sol, flor.

E você me puxa para bem perto e tira meus status dramática e veste os meus seios grandes com as flores que saem da tua boca; e diz que o sol não te queima, embora sejas tão branca e tira quaisquer preocupação me dizendo que minhas vontades não são impossíveis, que eu não assisti filmes ao longo prazo demais, que a corda, a dor de cabeça, a água funda e todo o resto são apenas obstáculos entre o que as pessoas deixam de ser por medo e que é preciso libertar essa ideia estereotipada de sobre-viver como a maioria, que é possível sim [...]

E diz que poderíamos imprimir meus ex-critos e espalhar por santiago para ver além desses canteiros morrendo pelo excesso do calor e em teus braços não me sinto completa ou metade, e sim, aquilo que sou no instante [...] sou eu, sem ser diagnosticada com minhas doenças mentais, as que crio e então eu te abraço e demito a psicóloga imaginária da minha mente mentirosa que diz que eu não sou flor; quando já te colori-da inteira, quando já sou tantas árvores de ventos e jardim que você mora [...] moramos. E faz qualquer coisa desaparecer, só consigo achar tudo natural-mente e me deixar-se cultivar mais por esse amor que [...] a estrada, casa, você sabe, amor sem grandes rimas e metáforas; gosto de ser o sol do teu céu e artista respeitando o jus a sua queda e vôo; eu te amo e você repete eu-te-amo mas não como se só repetisse minha fala e você me abraça e me leva pra nossa casa, cama, chuveiro, sexo, filme, e abraça abraça abraça abraça abraça abraça

Fora do aquário, você não me ensina a nadar, me mostra que sou capaz dos mais fundos mergulhar, amar, [...] simples, amor é simples.


Este texto é administrado por: Fernanda Lima De Paula
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Romance Antibioticoterápicos Fernanda Lima


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