UMA TARDE MONÓTONA igual às outras de domingo, rompida pela zanga de minha arreliada cunhada com as irmãzinhas, principalmente coma mais velha que relaxam a prima Clara, não brincando com a mesma e a pobrezinha rejeitada triste amuada com os olhos mortos com cara de choro sentada no sofá olhando para o chão. Seu Pietro destilando a sua preguiça. Deitado no sofá brincando com seu novo celular - Professor impávido deitado na cama do casal vendo SKY. O pigarro continua.
COMEÇO A SEMANA sem a mínima esperança de melhoras. Na Praça do Bacurizeiro, a galera estava de prontidão a espera de alguém para comprar uma garrafa. Seu Jailson de óculos escuros, Pelezinho que preteriu o trabalho pelo álcool - Sin, malandro velho que se diz regenerado cortava uma manga com uma faquinha de serra. todos sentados no mesmo banco. Gato Guerreiro em pé conversava sobre os fatos ocorridos ontem -mataram um filho de um senhor da rua 29, invadiram a casa de outro e caíram de bala, a vitima esta muito mal no Socorrão. Seu Jean de la Croix sempre bem vestido, pronto para o expediente e a figura carismática do pequeno Matraca, andando devagar. Luto contra mim mesmo, a maneira de como escrevo ainda não esta com desejo - uma prosa mais espontânea como Miller ou Kerouac - as vezes tenho medo e preguiça de escrever o que realmente devo escrever. Há meses que abandonei o inicio de um projeto interessante - Notas de Uma Prisão Federal, mas desisti. O estômago vazio. Um livro bem atraente "O Colecionador de Mundos" - um passeio pelos mundos islâmicos e hindus na pele do oficial britânico Burton, que disfarçado de fiel visita aos locais sagrados do islã, proibidos para os infiéis como a Pedra Caaba no centro da grande mesquita na cidade sagrada de Meca. Primeiro as entranhas da Índia e agora a peregrinação que começou na cidade do Cairo pelo Xeque Abdulah (Burton) medico e dervixe que se circuncidou na Índia para poder ser aceito na comunidade muçulmana na cidade de Sind. Agora ele explora as nascentes do rio Nilo. Pensando seriamente em reler "Ulisses", desta vez devagar, parágrafo por parágrafo, entender Joyce. Não posso me tornar um poço de nulidades, de desistir depois dessa longa caminhada, mesmo decepcionando comigo mesmo, por não fazer o que pensei - um pensamento mesquinho, não digitei nada. A mente idiota, parece de que não valeu ter lido Dostoievski, Balzac, Cervantes - continuou na mesma.
Durante anos maltratei o meu estômago. Primeiro foram as pílulas (bolinhas) de Optalidon que ingeria como água no inicio da vida adulta nos anos 80 - foram cinco anos ininterruptos, todos os dias - desde o amanhecer até a madrugada. Naquele tempo era o máximo ficar dopado vinte e quatro horas - levando uma vida quase normal - trabalhando com Pai Bamba na oficina, embriagando-me nos finais de semana de cerveja e cachaça com Coca-Cola. E nos finais de tarde, eu e Tio Willi íamos felizes as compras, que comprávamos livremente nas farmácias da Praça João Lisboa, tínhamos nossos vendedores que nos atendia com maior prazer. De uma vez compramos cinco caixas com quinhentos comprimidos, que passamos quase meia-hora debulhando, que os nossos dedos doeram de tanto pressionar as cartelas e depois o colocamos naquele vidro grande de bombom que Tio Willi achou na despensa abandonada do casarão dele. Foi uma festa, ingeri tanto comprimido que perdi o rumo e amanheci ainda ébrio e vacilando e então a casa caiu. Meus pais descobriram através da deduração do cagueta do meu irmão Biné que foi apanhar as cartelas vazias que eu escondia atrás dos meus livros numa caixa de manzana argentinas sótão, próximo aonde eu dormia. Então fiquei mais cauteloso, mas não abandonei o vicio que alternava com umas baforadas de maconha no casarão de Tio Willi na Travessa da Lapa ou na humilde casa de Tio Karl na Praia do Desterro. Talvez um dia escreverei a verdadeira historia de minha trajetória escabrosa desses cinquenta e poucos anos - as fases. o ciclo Casa Grande, Casa de Van e ultimo a 'volta" - todos devidamente escritos nesses ternos cadernos. Com sempre Larissa eximindo-se de qualquer culpa. Aquela noite na beira da Praia Ponta D'Areia, no dia das Bruxas. Uma lua bonita fazia uma trilha incandescente sobre a maré cheia, as ondas espumantes quebrando nas areias e eu Van - fumei um baseado perto dela para harmonizar com o clima romântico,um reggae ao fundo que ecoava de um dos bares. Nossa primeira noite juntinhos longe de tudo e de todos. Como posso esquecer essa mulher maravilhosa que esta constantemente nos meus sonhos. Uma das coisas mais linda, foi viver esse amor em todos os sentidos, mas depois comecei a vacilar, influenciado pelo abuso do álcool, então a chama do amor extinguiu-se de pois de 17 anos , mais deixou um fruto que amo tanto que é o nosso filho. Sofro mas não arrependo-me, faz parte. Minha Van querida, valeu ter te conhecido e ama-la. Fui um homem feliz.
LUTANDO CONTRA MIM MESMO, vim para a oficina ver com estão as coisas. Fazia uma semana que não abria, a poeira tomou conta do ambiente. Seu Bastos ficou de trazer uma grade para soldar uns chumbadores. Um rapaz moreno que fiz uns trabalhos veio informar-se a respeito de um orçamento de um portão. Um senhora simpática também expliquei-lhe a minha situação. Seu Bastos trouxe a grade, fiz o trabalho combinado e a coloquei em exposição na calçada, enquanto espero que ele venha busca-la. Nem tudo esta perdido, vamos devagar - esta é a minha vida e não adianta querer fugir dela. essa é o meu oficio que orgulhosamente aprendi com o meu velho Pai Bamba. Deus escreve certo por linhas tortas. A monotonia de todos os dias, lembrando uma cidadezinha do interior. O homenzinho fabuloso com seu andarzinho engraçado sempre otimista, não deixando-se abalar com nenhum obstáculo. Aleluia!Aleluia! Dez reais no bolso - Gracias, muchas gracias Señor Dios! Vielen Danken, mein Gott! Grazie Mille, mio buono Dio!больше спасибо, мои Бог! Merci beaucoup Di
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