Pela vidraça do apartamento, somente a luz da Lua iluminava o recinto. Porém, não iluminava a mente da pianista que lá se encontrava, em desespero, a tentar compor algo novo e diferente. Ela estava naquela condição há dias, que se passaram tão longos quanto o rastejar de uma lesma que deixava sua trilha pelo vidro. Seus vizinhos inclusive já sabiam que a pianista estava em processo de composição, pelo modo como seus dedos, normalmente suaves, agora batiam fortemente nas pesadas teclas do piano.
As horas de completavam e a moça não conseguia de forma alguma filtrar de suas ideias o que era reflexo de obras já existentes e conhecidas por ela, de novos arranjos que lhe vinham em mente.
A situação permanecia a mesma até que a pianista deu-se por vencida e se debruçou sobre o piano, deixando a sala em um profundo silêncio. A moça, cansada de lutar para extrair de si uma nova música, suspirou com sua fina e delicada voz… Neste momento, ela se levantou rapidamente e repetiu o suspiro. Mas desta vez, complementando-o com as notas agudas do piano. Logo, a pianista já começou a elaborar o arranjo completo e, a cada nota que lhe agradava, surgia um sorriso de satisfação em seu rosto. E, ao ouvirem a melodia agora limpa e serena, os vizinhos também sorriram, aliviados da terrível tensão que a moça lhes causara e tiveram a certeza de que o talento da pianista, embora cada vez mais exausto, sempre havia de existir.
(Aline Fernandes - 12/08/15)
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Biografia: Sou Aline, tenho 16 anos, e adoro escrever. Para mim, escrever é como viver: é preciso sentir o que está à volta e dentro de nós; é dotar-se da calma e paciência, que seja observando um simples pôr do sol; é conseguir enxergar não só o lado ruim das coisas, mas também o lado bom...
E então.. Que tal escre-viver ? |