E então mais um dia se iniciou, porém, o Sol não iluminou seu quarto. Pelo menos não que ela tenha percebido. Tudo estava desfocado e cinzento, mas ela pensou ser apenas resquícios do sono, já que levantara cedo da cama. Ela olhou para seu guarda-roupa aberto e viu seu figurino que usaria à noite: um vestido longo bege tomara que caia, coberto por uma renda, cheia de pequenos diamantes cravados por todo o tecido. Ela esperou por esse dia como uma criança que espera o ano todo por seu presente de Natal. Hoje era o dia de sua formatura, e nada poderia dar errado. Inclusive na noite passada, ela havia tomado cinco dos comprimidos para emagrecer que havia comprado, pois ela teria que caber em seu vestido, afinal ele estava em sua família há várias gerações.
Como sempre, foi direto para a frente do espelho se olhar. Ela se olhava no espelho não para se ver, e sim para ver como os outros a veriam. Ocorria tudo bem, até que, apesar de estar parada bem na frente do espelho, não havia reflexo. Quando foi pegar seu vestido, sua mão passou por dentro dele. Tentou pegar seu celular e ligar para a primeira pessoa que lhe viesse em mente, mas sua mão atravessou o celular. Assustada, tentou novamente e, não obteve sucesso. Ela não entendeu o que estava acontecendo e começou então a chorar desesperadamente. Nunca havia passado por aquela experiência e nem conhecera alguém que houvesse passado. Foi então que se virou para sua cama e viu que seu corpo estava lá.
Nesse momento, ela sentiu uma onda de calor e frio ao mesmo tempo percorrer seu corpo e sentiu o peso da gravidade ficando mais forte e a puxando para o chão, até que perdeu de vez a consciência. Foi então que acordou puxando o fôlego como se estivesse se afogando. Com o coração acelerado, e atingida pelos raios do Sol que entravam pela janela aberta, olhou para sua mão e viu o frasco com os comprimidos ainda lacrado. Sacudiu sua mão como se o frasco fosse um inseto, o jogando para longe. Nunca ficara tão feliz pelo simples ato de acordar.
(Aline Fernandes - 27/10/14)
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Biografia: Sou Aline, tenho 16 anos, e adoro escrever. Para mim, escrever é como viver: é preciso sentir o que está à volta e dentro de nós; é dotar-se da calma e paciência, que seja observando um simples pôr do sol; é conseguir enxergar não só o lado ruim das coisas, mas também o lado bom...
E então.. Que tal escre-viver ? |