A espera do êxtase celestial
O orvalho da noite escorregou,
E penetrou-me as vestes.
Molhou-me a pele,
Acariciando meu seio.
Eu chorava desesperada,
O amor que não desabrochara.
Me sentia culpada,
Não tinha sido tocada.
Depois de sugar meus lábios,
E aquecer-me a boca,
Com teu mudo anseio,
Que deixou-me louca.
Estavas apressado, cansado,
Senti teu ritmo descompassado,
Teu cabelo molhado brilhava,
No clarão prateado do luar.
O orvalho perfumado,
Misturado com o cheiro ,
do meu corpo de fêmea no cio,
se perdeu no escuro, no vazio.
Ensaiei alguns passos até a porta,
Sorri para a sombra da noite,
Que brincava no escuro
Eu sabia amanhã ela seria morta.
E eu teria um sol inteiro,
Para aquecer meu corpo.
Teu amor verdadeiro,
Me invadindo com teu cheiro.
Ao luar entreguei o desgosto.
E tentei dormir e sonhar,
O sonho de para sempre te amar.
Ao abrir os olhos vi em teu rosto.
Uma expressão gélida, solitária
Um pouco enigmática
Carregava um peso tristonho
Escondendo teu jeito risonho.
Não quero que ela volte
Com sua traiçoeira foice
Esta terrível e escura noite
Que dá tristeza aos que vivem.
Na cegueira das paixões,
Ardendo na fogueira das emoções,
Buscando se livrar da dor,
E encontrar o verdadeiro amor.
Não me bastam encontros
Onde nós embriagados e tontos
Adormecemos nas sombras
Do que poderia ser...
Celebração do ser..
Êxtase do mundo espiritual.
Ah! Apesar de tudo especial,
Falta-me um pouco de ar,
Que não posso encontrar,
Quando estou aqui a contar,
E meus segredos revelar,
Para este mundo mortal.
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