Já nem sei o que faço, nem o que quero,
tenho o coração cheio de calos,
abro a janela e olho o mundo, nada espero;
de que vale a manhã, o cantar do galo,
se o pó da estrada avança e me sufoca,
bato na hospedaria e ninguém abre a porta?
Só ouço o som da madrugada
com uivos de vento,
o tilintar de estrelas alvoroçadas;
quase manhã, o sol vai sair,
morre as horas perdidas,
nasce o tempo no colo da madrugada...
Onde estará o desejo de quando criança,
ser feliz por não saber o amor onde moro?
Será está a última e única lembrança
que levarei e por isso por aqui demoro?
Saber o que se quer pode ser pouco,
pode ser muito ou então quase nada;
todos querem algo, o são,
o sábio, o louco,
mas poucos encontram
as verdadeiras palavras...
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