Tenho nas mãos o vazio do infinito,
no lábios o único grito
possível;
levanto a voz e a lanço no espaço,
com o corpo em cruz levanto os braços
e pergunto:
se somos tantos e do mesmo lugar
por que não estamos juntos,
nem aramos o mesmo campo
se a todos nós é igual
este mesmo e único pranto?
Sem resposta e vozes que sussurrem sinas,
caminho como cabe a um homem que crê
que saberemos, de repente, numa esquina,
como um analfabeto que aprende a ler
as palavras exatas de sua vida...
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