Todo dia, por saber que passo a noite ao relento,
vem o pássaro, trazido pelo vento,
traz-me um galho e o deposita aos meus pés,
sente que, sem ninho, um homem sem mulher
deve sofrer as agruras da solidão,
lembra-se da pássara que passa
os dias ao seu lado,
sabe que um homem abandonado
é um espírito esperando que alguém lhe dê a mão,
sinta por ele, alguém, compaixão,
alguém lhe abra as portas da afeição;
um homem sozinho, pergunte a quem é,
pão sem café...
Todo dia escolho uma nuvem que passa
e com ela vou até a casa do Senhor
bater na porta e perguntar
onde mora o amor...
Todo dia acordo e sei que o sol está lá,
que ao sul, bem longe de mim, está o mar,
que danço a dança dos ciscos em tempestade,
mas não perco a fé, isto sim é verdade...
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