A mulher,
que passava manteiga no pão
e geleia de colher,
me olhou nos olhos e disse,
então:
não fique triste e nem doente,
amar é assim mesmo,
quase uma dor de dente,
um comichão,
variação de temperatura,
ausência de chão...
Vez ou outra
vais pensar que é um profeta,
tendo visões incorretas
sobre como acontece o amor,
um espinho retorcido,
murcha flor,
boneco com a boca costurada,
mas tudo isso há de ser nada
se sentires a verdadeira dor...
Eu, por meu turno,
pipa sem prumo,
dei de escrever poesia
pra ver se passava
essa mania,
essa sensação despedaçada
que derrubou minhas pontes,
me pôs defronte
ao dilema máximo na vida:
viver de amor inconcluso
ou pedir arrego,
ao amor,
um prato de comida...
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