Pago tributo ao tempo
que me encaixou entre suas horas dispersas;
grafou sua sentença máxima,
viver entre todos mesmo sabendo
que às suas voltas
retornarei ao seu centro...
Pago tributo ao vento
pelos esforços da minha pleura
quando eu era peixe
mal saído das escamas de mamãe...
Pago tributo ao grafite
que tanto insiste
em sair do estado de carvão
para parecer versos no muro
de cada coração...
Pago tributo
ao primeiro sopro de vida
que atravessou o universo
e veio se por no berço de minha humilde casa
quando papai estava no trabalho
e mamãe em trabalho de parto
ao sonho de viver me consagrava...
Pago tributo porque cada homem
deve a si mesmo a atitude de ir
do zero ao máximo,
de cada tempestade vivida retirar o belo,
o cômico, o verdadeiro, o trágico,
viver é o opus da sobra:
saborear o mundo
em ato fálico.
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