Anda,
descanse dessa dança
de ser grande,
traga a criança
que zanza em transe
em teu parque de diversões,
diga-lhe, venha,
que está acima de todas as ilusões
que porventura criaste para sobreviver,
toma-a pela mão e a conduza
à vida que que terás que ter
como se fossem dois corações...
O que te levará
será mãos de homens cansados
que cantarão em teu louvor
como fosse um fado,
te receberá a terra como a um filho
que partiu a muito para terras estranhas
para plantar e colher da vida o brilho...
Toma, então,
do bebê que fostes
e conta a ele o que és agora,
enquanto abres em teu peito
o coração que chora,
mesmo que lamentes teus feitos,
que reprovas, ternamente, embora...
Antes que subas o penhasco íngreme
e no alto entregues teus pergaminhos,
seja forte e não cesses tua mão firme
ao abrir o odre de fel ou vinho...
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