A milhas de distância daqui
há alguém que espera pacientemente
que a poesia voe até lá,
pouse na janela e bata no vidro,
que diga, vim de longe
para viver contigo...
Tantas pessoas esperando uma mensagem,
um bilhete enfiado debaixo da porta,
de alguém que enfim tenha coragem
de dizer que ama alguma coisa,
o quê?...não importa...
Essa vontade que foi ficando cada vez mais mansa,
esse desejo que perdeu a chave do segredo,
talvez, se voltássemos a ser crianças,
pudéssemos enfrentar esse medo...
Espalhamos tinta mas não sentimos a cor,
jogamos os dados mas não ganhamos o jogo,
falamos de perdas e danos sem sentir amor,
o frio nos afasta cada vez mais do fogo...
Se eu batesse à tua porta, me deixaria entrar?
Me convidaria para ouvir tuas histórias
ou friamente me diria que não há como escapar
da frieza que nos congela a memória?
Se batesse à minha porta, o que faria eu?
Espiaria pelo olho mágico a fingir que não vi
ou diria que não gosto de crentes e ateus,
nem acredito em mula-sem-cabeça ou saci?
Anda, me mande uma poesia,
vamos experimentar,
te mando uma palavras frias
para você esquentar...
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