Só os loucos sabem onde guardaram a meia,
só eles sabem quem costura a teia
com patas delicadas, só eles sabem onde
o sol, quando dorme a terra, se esconde...
Só os loucos sabem definir plenitude,
só eles sabem escrever com tinta de luz
onde mora a piedade, quiçá a virtude,
para onde vai o rebanho
que o silêncio conduz...
Eles sabem, e muito bem, o que escondemos
dentro dos casacos, dos bolsos, do peito;
mesmo que digam o que, nem assim podemos
saber se viram nossos acertos
ou defeitos...
Só os loucos sabem o quanto custa, rapaz,
andar ereto e manter a pose, caricata,
que nos leva a supor que sejamos mais
do que por dentro somos de forma exata...
Só eles sabem o que nunca deveríamos saber,
viver tristes e confusos, donos da verdade,
por isso riem e nos abraçam, querendo dizer
que nenhuma sanidade serve
para esta nossa humanidade...
|