Meus pés firmes e resistentes pela primeira vez em meses vacilaram sobre o terreno irregular no qual eu estava. Ryan estava poucos metros de mim. Meu cabelo dançava a silenciosa dança do vento... Da surpresa, do medo...
- É preciso! – Ryan quase gritava. Seu tom de voz ríspido era encoberto pela dor tangível em suas palavravas.
- Não, não é preciso! – eu tentava persuadi-lo – você sabe que não é Ryan.
- Sim é necessário. Nós dois sabemos disso! Não posso mais colocar você em perigo, quando a questão é a morte de alguém que aprendi a amar. –Ele segurava-se fortemente para não abrigar seus braços em minha volta e me dizer que essa necessidade era ilusão.
- Mais... – eu tentei dizer, porém fui interrompida por outra pessoa antes que a próxima palavra pudesse ser lançada boca á fora.
- É evidente que o vampiro louro esta certo! Você dois não são boa companhia um para o outro. – Eu tentava ver a verdade escondida nas palavras do vampiro intruso, mas não achava nada que fazia sentido.
De repente o sentido de tudo explodiu em minha mente, sim, era necessário nosso afastamento. Em breve teria uma sangrenta batalha para nós enfrentarmos e isso significa que um de nós dois poderia não sair vivo do combate. Pelo menos não um morto-vivo mais sim um morto-morto. Nossa existência acabaria ali... Logo ali, enquanto a batalha final não começasse.
O sentido que eu buscava era o sentido errado em questão, o verdadeiro motivo do afastamento era a dor que um de nos dois iriamos sentir caso eu ou ele morresse. Ele sentiria minha falta, minha hesitação em praticamente tudo. Eu sentiria falta de sua total confiança, do seu olhar rasgando o horror inevitável dos cruéis olhos vermelhos e sendo substituído por dóceis olhos vermelhos... Meus prediletos olhos... Meu predileto coração sem atividade, que mesmo parado fazia pulsar dentro de mim um amor... O único amor dentro desta descontrolada morte-vida extraordinária.
- Eu achei que nunca saberia como é a sensação de ir para a morte... – eu disse.
- Nós não vamos morrer. Pelo menos não você. – Ele disse com uma confiança revestida do seu amor incondicional.
- Eu prefiro morrer se algo acontecer com você!
Nossos lábios se encostaram pela última vez? A nossa verdadeira morte viria? A eternidade não era tão longa quanto eu imaginei...
O coração que pertencia á humana que fui, pulsou, forte e rápido como um raio, nossas mãos caíram no vento enquanto nossas feições mudavam instantaneamente para os caçadores que ambos somos. Eu tropecei no silencio enquanto via o amor da minha morte partir... Mas uma vez, eu sabia o que era amar.
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