Dente-de-leão.
Eu tentava fugir da escuridão que me rodeava, porém meu esforço era quase que insignificante, meus pulmões suplicavam por ar –, e eu não sabia por quanto tempo eu poderia correr sem reabastecê-los por um período seguro. Entretanto, eu corria o mais rápido que eu conseguia e talvez nem mesmo assim fosse o suficiente para encontra-lo ali suave como a brisa que soprava docemente sobre a campina repleta de dentes-de-leão, e pássaros melodicamente afinados unindo-se em sua orquestra divinamente perfeita.
A campina estava inundada por todos eles, de vários tamanhos e sempre com a mesma cor, um branco e um amarelo sublimes. Então foi quando eu o vi sentado sobre o piano, suas mãos pousadas sobre o teclado. Prontas para entoar a melodia... a divina melodia. Que fazia meu coração lembrar o motivo de continuar batendo – ele, simplesmente ele.
Ao sentar ao seu lado, minha ansiedade em dizer o quanto a saudade torturava-me era incontrolável, embora ele não tenha dito uma única palavra, minha dor alertava-me quanto ás lágrimas. As lágrimas logo rolavam sobre meu rosto, era inevitável, era simplesmente inútil contê-las porque eu queria que elas saíssem, deixassem o meu coração mais leve sem ter que guarda-las junto á ele, porque era ali que elas permaneciam tristes e sozinhas, perdidas no sofrimento que doía como se tivesse pontas afiadas que cortavam dentro de mim o único lugar onde eu podia ser machucada de verdade. O meu coração. No qual nunca existiu o adeus, onde nunca existirá o fim... Na doce campina o dente-de-leão dançava graciosamente a suave melodia que o vento entoava junto á seus instrumentistas gloriosos – os pássaros lembra-se coração ferido? Ferida aberta, doída e que ainda sangra.
Ele olhou-me com longitude, um afastamento frio... congelante. Mais na verdade, queria cantar os melhores dos remédios para as feridas abertas, para estancar o sangramento e consequente o meu sofrimento.
A música branca, branda, doce... saía de sua boca como notas perfeitamente com mel nas palavras... A doçura do amor era a entoação primorosamente bem escolhida... Afinal onde está você lápide fria? Que roubara o meu único amor? Onde esta você meu dente-de-leão? Fugira com o vento? Ou está aprisionado em sua plumagem de vida? Vá voa sobre esta campina e deite-se sobre a suave melodia que aquele gélido coração canta enquanto o meu coração também não adormece em ti, ó morte silenciosa, como o fim da música, afinal a última nota já foi tocada... Pelo anjo que veste-se de meu amor... de meu único e verdadeiro amor.
|