Defesas mentais na adolescência e juventude
Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)
Durante a adolescência e a juventude, a vida passa de distração em distração. Não existem nas almas adolescentes preocupações básicas nem ideais definidos, e, se em alguma existirem, é devido mais à transmissão direta do pensamento de seus maiores do que por própria ação. Sendo esta situação comum nas pessoas, será preciso dotar essa juventude de um vigoroso conhecimento de si mesma, fazendo com que a vida seja, desde essa incipiente idade, maciça e sólida nas concepções da inteligência. Assim se evitaria que esses anos de contínuas distrações tornassem a vida vazia, ao levarem a vivê-la nos deleites dessas distrações. Isso porque não se deve esquecer que o nível da espécie à qual pertencemos está condicionado ao caráter consciente de nossa natureza mental, o que implica possuir uma capacidade de inteligência que nos diferencie das demais espécies que povoam a Terra.
É preciso dotar a juventude de um vigoroso conhecimento de si mesma
Esse vigoroso conhecimento a que nos referimos não pode circunscrever-se a uma mera ilustração posta em fôrmas pedagógicas; deve diferenciar-se daquilo que os programas comuns de estudo abrangem, na forma e na técnica para ministrá-lo, assim como no aspecto prático. Será necessário que a aplicação dos conhecimentos que surgem desse ensinamento se verifique no campo da experiência própria e da observação individual, a fim de que os resultados buscados sejam obtidos pela assimilação consciente de tais conhecimentos e pelo aumento progressivo da capacidade mental e moral de cada um.
Enquanto não se tenha uma visão clara de como atuam os pensamentos dentro da mente e, portanto, não se possa efetuar uma rigorosa seleção deles, a pessoa estará sempre à mercê do que eles determinem. Pode-se ver quão grande é a razão que nos assiste ao reclamar esta instrução, não somente para a juventude, mas também para todos os que carecem de tão especial educação mental.
A mente humana é suscetível a todo tipo de alterações na ordem de suas ideias, de seus pensamentos e de tudo que seja incumbência de suas funções racionais, psicológicas e morais. É, portanto, vulnerável a qualquer agente estranho que nela se introduza, devendo o homem padecer depois os efeitos perniciosos que lhe ocasionar, por não existir na maioria das pessoas um verdadeiro controle nesse sentido.
Que deve fazer quem se encontre nessas condições, para contrapor-se à situação incômoda e perigosa em que se coloca? Começar por considerar a mente como o baluarte mais precioso de sua individualidade, o qual deve converter-se numa fortaleza inexpugnável, para que só tenham acesso a ela os pensamentos que servem à causa da evolução.
Para que a mente se converta nessa fortaleza inexpugnável, terão de ser constituídas as devidas defesas mentais, únicas muralhas capazes de rechaçar o pensamento invasor que pretenda introduzir nela os germens de ideias arbitrárias ou estranhas às que cada um tenha sido capaz de impor a si mesmo, com a finalidade de alcançar nobres propósitos.
Texto extraído da Coletânea da Revista Logosofia, tomo 3, p. 147 a 149
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