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  Texto selecionado
Canção dos Excluídos
Elias Lima

Resumo:
Esta prosa é uma denúncia do que eu sinto ao ver tanta desigualdade social e miséria existencial coletiva.

Eu pressinto a dor da nuvem cinzenta chegar
E pesar sobre minha consciência
Me separando de todos os mortos vivos
Trazendo mais uma tempestade para a minha existência.

Em vão,
Tento calar as vozes de todos estes demônios
Gritando em meu coração que sangra
Pulsando em minhas mãos
Cheias de marcas de rejeição.

Minhas lágrimas de medo
Caem formando uma canção
Junta ao vento.
E eu já não sei o que é real
E o que é delírio
Ou imaginação.

Sentimentos que me esmagam
Me engolem lentamente
Quebrando-me os ossos
Calando minha voz
Com o seu veneno
Diariamente.

Todos os malditos estão agora comigo
Padecendo
Clamando por socorro e compaixão
Mas ninguém quer ouvir
Ninguém quer trocar de canal
Todos estão sofrendo
E ninguém quer saber do sofrimento alheio
Que já se tornou tão banal.

É o mal vencendo junto do caos.
É o mal como somos.

E amaldiçoados somos
Pela maldade que é o nosso instinto de vida
Pela maldade socialmente adquirida
E pela maldade prazerosa e perversa
Estampada cotidianamente nos jornais
Ou pelas mentiras jogadas nas revistas.

A vida não me deu uma razão para viver
A existência me mostrou que é triste existir
A morte não me deu motivo para esquecer
O que na luz do dia
Luto constantemente para não perceber.

Sonhos desfazendo-se em gritaria e tiroteio
Imobilizando minha mente
Esperanças sendo jogadas em asfalto sem coração
Inocências sendo manchadas por sangue vivo
De gente que vive a morrer no suor do Nordeste
Sem direito a alimentação.

O grito dos excluídos jamais serão ouvidos
Eu suporto essa morte me invadindo os pensamentos
Consumindo-me a alma já triste e fraca
Sem forças para se reerguer do chão.

E na morte eu encontro a minha salvação
Enquanto eu tento calar as vozes obsessivas
De todos os meus fantasmas de plantão
Assombrando o meu já adoecido espírito
Que há muito tempo dorme em algum lugar frio
Dando espaço para a minha sagrada solidão.

Enquanto eu sentir necessidade de dar o meu testemunho
Da insanidade que é tudo isso que vejo e sinto
Eu encontrarei o meu lugar no mundo
E me reencontrarei com a minha paz
Já atormentada e ameaçada pelos que me odeiam.

Enquanto eu encontrar forças
Em meio a nossa autodestruição
Eu seguirei delirando em meu caos interno infinito
Onde os sonhos são vistos e ouvidos
E levados a tiros por um camburão.

Enquanto eu sustentar o meu último suspiro
Eu seguirei na luz da minha escuridão
Vagando por um tempo bom
Onde os bons sentimentos são a nossa solução.

Enquanto nada disso mudar
Eu nadarei mesmo se fraquejar
Contra este redemoinho que quer me devorar
E lá no fundo eu não irei gritar de medo
E nem rezarei por salvação
Mas levarei a dor de acreditar
Que tudo que é bom poderia nos salvar.

Enquanto a ventania me arrastar para o grande furacão
Eu estarei separado da vida que aqui é destinada a poucos
Enquanto milhares morrem sem ter o que comer
Onde as crianças vão para as escolas
Sem sentir o cheiro do pão.

E nessa eterna prisão e castigo
Eu canto a canção dos excluídos
Cheio de amor a vida e a ilusão
Enquanto somos separados por abismo
De classes e grades
Por um Estado que não é Nação.

Devotos de cadáveres de Cristo
Eu sou o alvo e insisto
Em fazer da minha dor um grito
Enquanto o pensamento vazio coletivo me sufoca
Neste Grande Teatro da Morte que é o nosso tempo
Enquanto a vida segue sendo este Grande Circo de Horror e Revolta.


Biografia:
Um conflito ambulante em constante metamorfose.
Número de vezes que este texto foi lido: 52825


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Publicações de número 1 até 9 de um total de 9.


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