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O segredo da beleza
Thais Vieira

Resumo:
Reflexão sobre o que realmente é beleza.

Desde criança, Camila era uma menina diferente. Depois de seus sete anos, não demorou muito para as piadas de mal gosto começarem e seus pesadelos e traumas assombrarem seu espírito pelo resto de seus dias.
Costumava ser uma menina alegre, bem educada e simpática, mas desde cedo, sua inocência já a abandonara, e, infelizmente, se tornará frágil.
Ninguém sabia o motivo dos choros, da raiva, do rancor e da timidez que Camila adquirira depois de uma certa idade. Sua aparência era diferente, mas aos olhos de muitos, era feia.
Camila atribuía todo o mal que ela passara na infância e pré adolescência a sua cicatriz no queixo, que a atrapalhava e, infelizmente, era motivo de chacota e perguntas por parte de muitas outras crianças.
“Eu sofri um acidente quando tinha apenas 8 meses” – dizia enfurecida.
Mesmo sendo muito amada e bem tratada pelos familiares, todos diziam pelas costas “nossa, Camila não é bonita”. Era sempre às escondidas, mas ela sempre ouvia.
Ficou aproximadamente uns 10 anos sendo alvo de chacotas e piadas de mal gosto, e, mesmo que aparentava ser forte, se trancava no quarto sozinha e chorava com raiva da vida, do mundo, das pessoas e até dela mesma por causa de sua aparência.
Com o passar dos anos, Camila mostrou mudanças, chegando até a atrair olhares, coisas que achava ser impossível, pois já tinha impregnado em sua cabeça as inverdades que eram ditas quando era mais nova.
Não tinha amigos, e a família fingia gostar dela, dando atenção apenas a sua irmã mais nova.
Marina era a irmã mais nova de Camila, tinha belos olhos amendoados e cachos dourados que eram lindos de se ver. Considerada a menina mais bela da família, atraia olhares por onde passava. Era gordinha, ao contrario de Camila, que possuía o corpo em forma, mas isso não era um obstáculo para a caçula.
“Vou fazer meu mestrado em São Paulo” – disse Camila, animada, agora já formada, dando orgulho para os pais, pois era muito inteligente e independente. Ela mal via a hora de ir embora de sua cidade natal, pois Belém era o lugar onde as sombras de sua tristeza estavam, tanto que apelidara a cidade de “cidade das tormentas”.
Em São Paulo, após muitas batalhas e estudos sofridos, estava em um ótimo emprego, ganhando um ótimo salário e com uma profissão maravilhosa.
Sua competência e sua inteligência era o que mais atraia pessoas para perto de si.
Agora possuía amigos, dinheiro, um ótimo marido, sua vida estava quase completa, mas faltava apenas uma coisa: Amor próprio.
Muitos diziam que ela ficara linda com o tempo, era atraente e chamava muita atenção. Mas isso não era o bastante para ela mesma se convencer disso.
Foi no dia de seu aniversário que Camila teve a ideia de fazer uma plástica. E fez. Após a recuperação, viu que seu rosto continuava o mesmo, mas com uma cicatriz muito pouco visível no queixo e lábios carnudos e rosados. Ficou muito mais linda. Todos disseram isso.
Depois de dois anos sem ver a família e voltar para sua cidade natal, resolve arrumar as malas e visitar Belém.
Seus antigos colegas de infância, espantados, viram a bela mulher que Camila se tornara. A família admitiu que ela era uma pessoa muito atraente. Seus amigos disseram que ela estava linda. Na verdade, sempre fora linda. Só ela não sabia, pois se importava muito com o que os outros diziam.
Agora estava feliz, completa, e percebeu que sempre fora normal, e se tornara uma mulher linda quando cresceu. Demorou para perceber, mas viu que a aparência de uma pessoa depende do que ela acha de si, de como ela se comporta e, principalmente, do tamanho do amor próprio. Ela descobrira o verdadeiro segredo da beleza. Não era a opinião de pessoas pobres espiritualmente e infelizes que definia a aparência dela. Ela era linda e ninguém podia dizer o contrário.
Sua timidez? Sumiu.
Seu trauma e suas más lembranças? Nunca mais apareceram.
Seu amor próprio? Era enorme, infinito e ninguém tiraria isso dela.

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