(…)
Sentimos muito, e ainda assim nos pediram para sermos racionais;
Pensamos por um longo tempo, mas ainda assim temos que esquecer;
Apredemos a ser mais humanos e então nos mandaram endurecer o coração;
A dor era muito grande, mas ainda assim precisavámos dela pra viver;
Disseram-nos que não éramos nada, mas ainda assim éramos tudo que se poderia ser no momento;
Pediram-nos que os salvassem para que depois nos condenassem pela perdição deles;
Suportamos cada noite, cada dia, cada manhã insuportavelmente fria, cada raiar do dia,
Até que não fossemos mais o que éramos no começo, até que fossemos:
Insensíveis, esquecidos, cruéis, desumanos, racionais, hipoálgicos…
Nos levantamos por que não nos restou outra escolha, caminhamos nesta terra devastada por que é tudo que sobrou…a noite sentimos o frio e o gosto de sangue que preenche os pulmões e sobe até a boca… e não importa quantas vezes isso se repita, sempre dói do mesmo jeito… e não muda nunca… com o tempo agente esquece o resto e fica só com a ideia do dever, que é continuar…continuar sem saber o porque ou como ou até quando… sem razão e a sós com a razão…enlouquecendo aos poucos com a sanidade que conhecemos tão bem, tem dias em que não vale a pena estar vivo…”
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