Não sei por onde começar, há tantas coisas que nela me chamam atenção, que já não sou mais capaz de descrevê-la. Muitos a trataram como objeto de consumo, a queriam como só mais uma bela joia para sua coleção, a fizeram esquecer que o brilho de seus olhos era mais intenso do que qualquer bem material nesse mundo. Houve uma época que vagabundos e lobos maus passaram por sua vida, houve também um tempo que caçadores se fantasiaram de príncipe para enganá-la.
Todos queriam sua doçura, mas fugiam de sua companhia.
Era basicamente a história do caixão de vidro. Ela calada, inerte e serena era mais rara do que com vida. Ela sofreu, chorou e, por algum motivo não sabia onde estava errando. Ela mudou, pediu desculpas, tentou concertar o erro, mas acontece que esse erro não a pertencia.
Ela só queria ser uma pessoa normal, só queria ser tratada como uma garota birrenta que não sabe pedir colo, que come de boca aberta e mesmo assim cheira à framboesas. Ela ainda não percebeu que há quem um dia a tratará do modo que merece ser tratada.
Eu? Costumo dizer que há dois tipos de beleza no mundo. Uma seria a Marilyn Monroe e, a outra a Audrey Hepburn.
A primeira é estonteante e irresistível aos olhos de quem vê, ela é uma droga contagiosa. A segunda é misteriosa e interessante, são poucos que a notam intensamente, quanto mais você se aprofunda mais quer descobrir, é o tipo de beleza rara no mundo ao qual muitas vezes é má interpretada pela falta de conhecimento em si. Então, meu caro, acho que você já pode ter uma ideia de quem ela escolheu ser no final das contas.
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