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Ela está ali, e eu continuo aqui...
Carolline Milici

Já passou da hora de ir dormir, e ela continua deitada na minha cama. É difícil tentar me concentrar quando tudo que eu penso é naquele corpo esparramado no meu lençol, e aquele olhar doce que chega a dar enjoo. Ela precisava ir, mas quem disse que eu deixava? Ela costuma prender a risada porque não gostava do som que fazia, mas pra mim era adorável, porque trazia a sensação de paz, de algo real. Ela não costumava fingir esse tipo de coisa, ou melhor não costumava fingir quase-nada. Eu tenho que me afastar dela só um pouco, porque é muito cedo para ela causar esse efeito em mim, não que seu veneno seja ruim, mas é algo contagiosamente tóxico. Incrível, como ela faz com que eu baixe minha guarda, mesmo quando tento ser vazio, sólido, e sem algum tipo de emoção. Parece tão natural pra ela me pedir para sorrir, ou não olhar para ela, como se fosse fácil parar esse tipo de coisa. Ela é sincera pedindo desculpa, falando das suas experiências, sendo teimosa, ou me pedindo pra ser verdadeiro com ela, não esconder nada porque ela sempre vai tentar entender a situação. Ela não gosta do seu cabelo, da sua falta de jeito, e de como ela se silencia perto de quem não conhece. E, ainda sim fica uma graça sem maquiagem, com aquele cabelo preso, e só de camisa, quase dormindo ali, do meu lado da cama. Como eu poderia deixá-la escapar? Uma garota dessa não se sente a vontade presa, mas eu sinto que a cada dia ela vai escapando mais um pouquinho. Ela é meio birrenta, mau-humorada e irritante, mas nunca me julgou, apesar de reclamar dos meus defeitos. Me intriga como ela é compreensível, ingênua e imprevisível. Eu nunca sei o que ela está pensando, ou qual é a próxima besteira que vai fazer, só espero que nenhuma delas seja se cansar de mim. Não são muitas as vezes que a gente se vê, ou que ela deixa seus limites de lado (o que não é favorável pra mim), mas toda vez é diferente, é como se existisse milhões dela, mas sempre com aquele jeitinho-sem-jeito que ela tem. Ela tem medo de confiar, de se abrir totalmente comigo, ou de contar o que se passa com ela, seus medos, suas inseguranças, seus planos. Eu sei que não facilito muito, ela acha que tudo é desculpa minha, que eu nunca vou cumprir com o que digo, que tudo que eu faço é chantagem, e que sempre a decepciono ao invés de surpreendê-la, mas se ela ao menos soubesse que é preciso ter paciência, me ouvir (se um dia eu chegar a me abrir com ela), tentar me entender, e não perder o interesse. Ela ainda continua lá, agora já pegou no sono, e a sua respiração é calma, diferente da minha. Como dizer a ela que não pode ficar, porque isso pode ser altamente perigoso para mim? Eu me rendo, e deito ao seu lado. Ela respira fundo, e me puxa pra perto. Agora ela está deitada no meu peito, e seu cheiro é de baunilha.


Biografia:
Carolline Milici, 21.
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