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Ele está ali, e eu continuo aqui...
Carolline Milici

Ele esta ali. Sério, parado, imóvel. Eu acho que não deveria ter ficado tanto tempo, mas eu me sinto tão à vontade aqui. Na cama dele. Seu cheiro está em tudo, nos travesseiros, no lençol, e nessa camisa que ele me emprestou. Será que estou pedindo demais? Afinal, quantas vezes a gente já se viu mesmo? Eu não posso forçar esse tipo de intimidade. Ah, mas como eu adoro aqueles olhos maliciosos, e aquele cabelinho macarrão-parafuso. Por um momento me sinto envergonhada e desvio o olhar. Ele nunca foi muito de me encarar, sempre pareceu que não me via, o meu eu verdadeiro. Mas, ele está tão diferente hoje. Será que foi algo que eu disse, como sempre? Sou tão sincera, que isso pode acabar me crucificando um dia. Não deveria ser tão desconfiada, teimosa, e indiferente, mas ele sempre fez com que eu reagisse assim. Tudo sempre pareceu uma desculpa, quando não era chantagem. Eu só tive corpo, quando eu precisava de alma. É complicado. Mas, ele se levanta e vai direto pro violão, o que faz sua guarda baixar. Agora sim, eu consigo enxergar uma parte real dele, aquela que não é fria, invulnerável e vazia. Eu dou uma risada envergonhada, e com certeza ele percebeu, o que não é bom. Eu odeio o som que ela faz. Queria pegar minhas roupas e ir embora, porque eu conheço ele, não vai ser fofo ou doce, quando há uma garota desse jeito em sua cama, ele não vai resistir por muito tempo. Quantas garotas estúpidas já não fizeram sua vontade? Mas, eu não consigo odiá-lo, ou só ver as coisas ruins
(que transparecem mais). Desculpa, mas eu sou ingênua, e boa, apesar de saber muito bem o que ele anda fazendo. Eu queria poder dizer que acabou, e que eu já cansei faz tempo, porque só há espaço pra decepção e exaustão. Mas, ele ainda me olha. Ele pode não saber, mas eu gosto de provocá-lo, deixar ele bravo ou confuso, porque é uma das poucas vezes que eu vejo ele ser…. ele. O verdadeiro, sem máscaras, sem ser oco por dentro, sem alma… termo mais apropriado. Mas, pra mim ele mente, e esconde muito mal. É péssimo! Porque ele baixa a guarda, e as vezes me toca delicadamente, como se eu conseguisse despertar o que ele quer deixar enterrado. Suas emoções, ou qualquer coisa que ele chame de “viadagem”. Eu gosto da sensação que ele me traz, apesar de ter sido obrigada a matar meus sentimentos no começo. E, apesar das poucas vezes em que a gente se vê, cada vez é como se eu observasse uma pessoa diferente. Então, eu estou fazendo o certo? A cada dia que passa vou escapando mais, sendo indiferente, deixando o silêncio nos matar. Mas, se não faz diferença pra ele, eu não vou começar a me importar agora, mesmo querendo que ele deite aqui do meu lado. Ele larga o violão, e eu finjo dormir. Agora, ele já tá deitado na cama, eu não resisto e abro os olhos. Já era, ele não vai se segurar. Mas, ele não faz nada. Me surpreende. Agora, eu consigo ver seu sorriso. Não dá. Esqueço tudo que eu disse, e me deixo levar. O puxo pra perto, deito em seu peito. Ele tem cheiro de confusão.


Biografia:
Carolline Milici, 21.
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