Na corrida de europeus à Mãe África
Ficou na história coisa tão trágica
História de mãe e seu rebento
em navios em seus porões mulambentos

Mãe que saiu de sua vida
Mãe que saiu de sua família
No caminho longínquo sem esperança
o parto a um rebento sua criança
num momento mágico de partilha

E nesse momento mágico de partilha
Seguem filho e mãe altiva
no ato de dividir a própria saliva
no medo de perder a vida

Lá pelas tantas em tantos sóis
e luas voava o vento
na saudade desnuda em meio às pestes
e a fragilidade ao relento
só o som do nada e solidão
escuro e vazio choro doído na’alma
sem oração que se acalma
só o tempo...


O tempo era mestre de todas as coisas
uma presença de espírito uma ideia
de entreter seu rebento
Amenizar seu pranto, seu choro...

Duraram milênios grandes séculos
as expedições de gigantes fragatas
tirando de muitos os sonhos
sufocando a boca de almas inexatas
Diante de entristecido inglório ato
só a mãe almas iluminada
criara ao seu filho um meio
de adormecer ínfimo sofrimento
criando algo fantástico, lúdico:

Criar dos tecidos de suas vetes
Criar independente da dor e do ódio
Criar diante das circunstâncias
Criar uma bela e forte boneca


Boneca de no Abayomi
Força, aquela que trás felicidade
deu a criança a sua verdade
pra entorpecer aquele momento sofrido
momento doído e de tanta esperança
momento atroz que se esvai na lembrança.

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