No silêncio ouve-se
somente o farfalhar
das sombras da noite
que ainda se avultam
dentro da vaga floresta
do jardim dos encantados,
apesar de logo chegar o alvorecer.
Os grilos e cigarras
deslizam suas canções
na escuridão da noite.
Em meio a noite enluarada
uma pequena luz trêmula
a mostrar o caminho.
Um vaga-lume em seu doce
acender e apagar de luzes.
Caminho pelas trilhas
desta vaga floresta
como se as conhece
há muitos anos.
Percorro seu interior,
sentindo o cheiro
que dela emana.
Seria eucalipto?
Vago cheiro amadeirado
das muitas árvores
que ali vivem?
Minha boca já sequiosa
sorve a água do rio
que corre mansamente
no meio da mata.
Dessa mesma água
molho meu corpo
e deixo-a escorrer
em pequenas gotas
até encharcar-me totalmente.
Água que tanto ansiava beber
enquanto percorria sedenta
as trilhas do caminho.
Água que refrigera minha alma
e apaga o fogo, o calor da caminhada,
que arde em minha pele.
E assim, feliz e satisfeita
por ali me encontrar
e daquela água beber,
aguardo encantada
o nascer esplendoroso do sol
para nele me aquecer
nas horas do dia.
E agora sei,
sem vaga floresta,
sem água, sem sol,
não é possível haver
vida nesta terra árida
e deserta.
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