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É São João, minha gente!
Crônica extraída do livro "Zarfeguian@s - artigos, crônicas e provocações", 2009
A. Zarfeg

Neste mês, as atenções se voltam para as comemorações do São João, que é o maior espetáculo popular do Brasil, atrás apenas do carnaval. Aqui no Nordeste, o espírito junino já tomou conta de todo mundo, animado pelo ritmo musical campeão de popularidade: o forró. Eu, que já curti esse momento mágico na casa do saudoso tio Arlindo Cantim, na roça, cheguei a cometer alguns versinhos: “Meu pai bêbado / dizendo um monte / de besteiras sexuais. / Enquanto eu tomava chá de boldo / pra indigestão de São João”.

No entanto, o meu interesse agora é etimológico. De onde vem a expressão “festa junina”? Há pelo menos duas versões. A primeira diz que surgiu em função de as festividades ocorrerem durante o mês de junho. Outra versão sustenta que a festa tem origem em países católicos da Europa e, portanto, seria uma homenagem a São João Batista, um dos santos mais festejados do catolicismo. Tanto que, originalmente, a festa era chamada “joanina”.

Registros históricos mostram que a festividade foi trazida para o Brasil pelos portugueses ainda no período colonial. Naquela época, havia uma grande influência de elementos culturais portugueses, chineses, espanhóis e franceses. Da França veio a dança marcada que, no Brasil, influenciou as quadrilhas. Já a tradição de soltar fogos de artifício veio da China, onde teria surgido a manipulação da pólvora para a fabricação de fogos. Da península Ibérica teria vindo a dança de fitas, muito comum em Portugal e Espanha.

Todos estes elementos culturais foram, com o passar do tempo, se misturando aos aspectos culturais dos brasileiros (indígenas, afro-brasileiros e imigrantes europeus) nas diversas regiões do país, tomando características particulares em cada uma delas.

O mês de junho é o momento de se fazer homenagens aos santos São João, São Pedro e Santo Antônio. Os nordestinos aproveitam esse momento para agradecer as chuvas que caem raramente. Mas a seca se limita ao sertão, porque, aqui no extremo sul da Bahia, junho é mês frio, e molhado. É adequado, portanto, para os casais ficarem juntinhos, coladinhos, saboreando um quentão ou um licor de frutas.

Junho é também a época da colheita do milho, alimento do qual é feita grande parte dos doces, bolos e salgados, relacionados às festividades. Pamonha, milho cozido, canjica, cuscuz, pipoca, bolo de milho são apenas alguns exemplos.

Além das receitas com milho, também fazem parte do cardápio desta época: arroz doce, bolo de amendoim, bolo de pinhão, bom-bocado, broa de fubá, cocada, pé de moleque, quentão, batata doce, biscoito de polvilho, e muito mais.

As comemorações do São João não prescindem das fogueiras, que servem como centro para as quadrilhas. Tem pau de sebo, casamento da roça, gincanas com temáticas típicas e os rojões que riscam os ares com luzes, muito barulho e aquele cheirinho de pólvora. Os balões também compõem o cenário, apesar dos riscos de incêndio que representam. Mas tradição é tradição...

Em algumas cidades daqui é comum a formação dos cordões festeiros que saem às ruas dançando e gritando palavras de ordem (Viva São João!), de posse do indefectível copo etílico... Vão passando enquanto os moradores observam das janelas, também animados. Em Itanhém, dois cordões estão fazendo história: o da Amizade, que atrai as famílias de maior poder aquisitivo, e o da Bagaceira – o nome não deixa mentir –, que acomoda o grosso da população em seus quadros.

O espírito junino acabou testemunhando o fenômeno da luta de classes, que está presente até nas manifestações populares. Anarriê!


Biografia:
Poeta, jornalista y otras cositas más.
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