Todos os dias procuro
por esses caminhos
curtos e azeitados
e nada encontro.
Só encontro o silêncio,
a mudez que não cala
e que dói na alma.
Todos os dias percorro
mil trilhas de casa em casa,
correndo pelos jardins,
pelos recantos
e até pelos cantinhos
mais escondidinhos
deste mundo sem fim.
Fazem três séculos
que nada encontro.
Minhas buscas não terminam,
nem de noite,
nem de dia.
Tenho fome e sede
e nada para saciá-la.
E cada dia a fome
aumenta mais
e a sede tortura minha alma
e conturba meu espírito.
Já nem sei mais pensar
com a razão, só fala
ainda o coração.
Corro, corro sim,
qual corça assustada,
sem se importar
com os espinhos
do caminho,
com as pedras
que ferem os pés,
e com muros de pedras,
as paredes de cardos e folhas,
que tolhem minha passagem.
E procuro
por uma réstia de sol
que venha iluminar
o meu dia e aquecer
meu corpo já lívido
e entorpecido
pelo frio do inverno
que parece
nunca ter fim.
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