Quando fui ferida em carne viva botei no papel todo o gasto da dor.
Quando estive em carne viva, ferir a mim mesma com a navalha que cortava a carne, com a dor dilacerante da angustia atormentadora das palavras e ações.
Ainda em carne viva, a navalha cortante, o colar apertado, náuseas, fui eu em pedaços, no processo de criar-me a mim mesma reconstruindo e juntando os cacos, limpando os estilhaços de vidros, enxugando o sangue que foi esvaindo-se em litros chorosos, em lágrimas triplas, dores.
|
Biografia: Ana Carla Lemos
Mulher, poetisa, lésbica, mãe, recifense, ativista do movimento LGBT e de Direitos Humanos.
Aquariana, curso técnico em secretaria nível médio, revolucionária, às vezes, quase louca, aos vinte e cinco anos.
|