O sono não vem. A cama expulsa-me. O relógio marca três horas e quinze minutos.
Caminho preguiçosamente pelo corredor .
Silêncio absoluto.Uma luz amarela preenche a vidraça da porta da sala.Vou até ela.Fecho as cortinas;cessa a luz. Sento-me à mesa, em seguida levanto,ponho no fogão uma chaleira.
Penso um pouco na minha vida enquanto o vapor sobe,observo-o. Perco-me nos pensamentos, as mãos sobreponho no tampo de mármore. Olhar fixo para lugar nenhum, permaneço assim por algum tempo que não calculo.
A água borbulha,quase estremece o recipiente,quase transborda,sobre o
queimador. Ergo a cabeça,respiro. Apoio o peso do corpo na mesa, saio na direção do velho armário e hesito. Ocorre-me então que não há ervas,nem sachês.
Desligo o fogão, a água fervente despejo sobre a pia.O relógio desperta, sei que são quatro horas.
Ouço então uma revoada,um bando de pássaros passa à certa distância do pequeno cômodo enquanto retorno ao quarto.
Deito novamente, enfio-me nos lençóis resignada, observo outro bando sobre a minha janela,cruzar o céu pardo.
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