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Uma mulher mórbida, com um desejo tal qual
Quando a página não vira
Edwanya Simplicyo

Meu nome é Sarah Mendes. Ser Sarah Mendes é um desafio diário. Sou uma mulher frustrada e obviamente infeliz. Moro sozinha há algum tempo e essa é uma das razões que explica o meu atual estado. Vamos direto ao meu passado que está mais vivo que o meu presente, que o meu agora, enquanto respiro e escrevo isto. Pois bem, respiro fundo e digo que tinha dezessete anos quando o conheci. Ele era um rapaz interessante que me olhava com olhos incansáveis, com um sorriso que mais parecia a pincelada final de uma bela obra de arte, misteriosa, encantadora. Então, eu me permiti experimentá-lo, e como era incrível estar com ele. Ele se apaixonou, eu me apaixonei e idealizei um futuro pleno e maravilhoso a seu lado. E, foi aí exatamente onde errei. Porque a duras penas, eu descobri que enquanto eu sonhava com tudo que uma mulher romântica sonha, ele vivia apenas o agora e com isso, ele não sofria pelo amanhã, pois, simplesmente ele não idealizava esse amanhã.

Uma obra aberta. Como uma novela, em que os autores podem mudar as coisas quando e se desejarem. Ele era autor de si mesmo. E não é assim mesmo que deve ser? A resposta é sim, porém, nesse caso, quando duas pessoas apaixonadas uma pela outra não significa que uma delas será capaz de se deixar agir ou pensar minimamente por seus sentimentos, isto deve estar transparente para a outra enxergar perfeitamente, e não cometer o erro cruel de imaginá-lo seu par para todo o sempre. Vê-lo partir para outras experiências, doeu, foi um golpe duro. Foi quase insuportável e perfeitamente egoísta de minha parte vê-lo resignada, proporcionar a outra os meus sonhos com ele. É degradante dizer que rondo o seu apartamento, olhando para a sua janela, esperando-o apenas para sua presença me satisfazer. Mas, é a verdade. Às vezes, ele sai na sacada. Observo-o como se ele fosse um quadro em exposição, nunca me canso de admirá-lo, ele é lindo, sei que a sua esposa é feliz ao seu lado e hoje, nem consigo sentir raiva por isso. Sinto que poderia ser eu com ele nessa mesma varanda. O vejo abraça-la por trás traçando uma linha de beijos em seu pescoço. Penso melancólica: Essa sensação já foi minha um dia. Pode parecer mórbido, mas, às vezes, desejaria poder olhar para minha pequena filha, aponta-lo de longe e dizer: - Esse é o seu pai, filha. - Mas, também sei que isso é apenas os resquícios de meus sonhos fantasma. Sei que é algo impossível tanto quanto foi esperado. Se o amo? A resposta é óbvia. Apenas alguém que ama, se submete a testemunhar outra mulher fazendo o seu homem feliz.                                                 
 Sabe? Você precisa de uma garantia para se conter, para tentar calar os seus sentimentos,se não, você pode cometer o erro de se iludir novamente. Você pode se deixar conduzir para braços que não estarão estendidos quando você cair novamente com uma dor denominada amar.                    
A minha casa, porém, é também uma espécie de refúgio. Eu entro e fecho a porta, tomo um banho quente deito no sofá, leio o meu livro, encontro algum amigo em algum fim de semana e timidamente tento há dois anos levar uma vida normal, mas, a dor desta perda ainda está impregnada em mim. Sim, às vezes eu sou obrigada a experimentar uma dose amarga, ela está sobre uma mesinha no canto da parede, sempre eficaz e amiga nos dias ruins.   



Biografia:
Edwanya Simplicyo
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Outros títulos do mesmo autor

Cartas Um passado distante Edwanya Simplicyo

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