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Fariseus e Saduceus – Parte 1
J. C. Ryle

Por J. C. Ryle

“E Jesus lhes disse: Vede e acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus” (Mateus 16.6)

Toda e qualquer palavra dita pelo Senhor Jesus é cheia de profunda instrução para os cristãos. É a voz do Sumo Pastor. É a grande Cabeça da Igreja falando a todos os seus membros — o Rei dos reis falando a Seus súditos — o Dono da casa falando a Seus servos — o Capitão da nossa salvação falando aos Seus soldados. Acima de tudo, é a voz dAquele que diz: “Porque eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, esse me tem prescrito o que dizer e o que anunciar” (João 12.49). O coração de todo crente no Senhor Jesus deveria arder no peito quando ouve as palavras do seu Mestre: ele deveria dizer: “É a voz do meu amado!” (Cantares 2.8).
E cada palavra proferida pelo Senhor Jesus é de imenso valor. As Suas palavras de doutrina e ensino são preciosas como ouro; preciosas são todas as Suas parábolas e profecias; preciosas são todas as Sua palavras de conforto e de consolação; preciosas, e não menos importantes, são todas as Suas palavras de cautela e advertência. Não devemos apenas ouvi-lO quando Ele diz: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados”; devemos ouvir também quando Ele diz: “Tende cuidado e guardai- vos”. Vou concentrar minha atenção, agora, a uma das mais solenes e enfáticas advertências que o Senhor jamais pronunciou: “Vede e acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus”. Por meio deste texto pretendo levantar um farol para todos que desejam se salvar, para preservar algumas almas, se possível, de naufragar na vida. Nossos tempos exigem em alta voz esse tipo de farol: os naufrágios espirituais dos últimos vinte e cinco anos têm sido lamentavelmente numerosos. Os vigias da Igreja deveriam levantar claramente a voz agora, ou então se calarem para sempre.

I. Em primeiro lugar, peço a meus leitores que observem quem eram as pessoas a quem a advertência foi dirigida.

Nosso Senhor Jesus Cristo não estava falando a homens mundanos, descrentes, e profanos, mas falava a Seus próprios discípulos, Seus companheiros e amigos. Ele Se dirigiu a homens que, com exceção do apóstata Judas Iscariotes, eram retos de coração aos olhos de Deus. Ele falou aos doze apóstolos, os fundadores da Igreja de Cristo, e os primeiros ministros da Palavra da salvação. Foi a eles que Ele endereçou a solene advertência do nosso texto: “Vede e acautelai-vos”.
Esse acontecimento traz em si algo extraordinário. Talvez fosse nosso parecer que os apóstolos tivessem pouca necessidade de uma advertência dessa espécie. Não tinham eles deixado tudo por Cristo? Tinham, sem dúvida. Não tinham eles enfrentado dificuldades por Cristo? Tinham, sim. Não tinham eles crido em Jesus, seguido a Jesus, amado a Jesus, quando quase todo o mundo se mostrava incrédulo? Tudo isso é verdade; e contudo foi a eles que Jesus dirigiu a advertência: “Vede e acautelai-vos”. Talvez pensássemos que de qualquer maneira os discípulos tivessem pouco a temer do “fermento dos fariseus e dos saduceus”. Eles eram pobres e iletrados, a maioria pescadores ou coletores de impostos; não tinham interesse de seguir os ensinos dos fariseus e dos saduceus; sua tendência era mais contra do que a favor dos fariseus e dos saduceus; absolutamente nada os atraía para eles. Tudo isso é a mais absoluta verdade; contudo foi exatamente para eles que foi feita a solene advertência: “Vede e acautelai-vos”. Há um conselho muito útil aqui para todos que sinceramente professam amar o Senhor Jesus Cristo. Ele nos diz em alta voz que os mais eminentes servos de Cristo não se encontram além da necessidade de advertências, e deveriam estar sempre vigilantes. Ele nos mostra claramente que o mais santo dos crentes deveria andar humildemente com seu Deus, e vigiar e orar para não entrar em tentação, e ser surpreendido pelo pecado. Não há ninguém que seja tão santo, que não possa cair — não de forma definitiva, não de tal forma que não haja mais esperança, mas para o seu próprio prejuízo e desconforto, para o escândalo da Igreja, e para o triunfo do mundo: ninguém há que seja tão forte que não possa, por certo tempo, ser vencido. Os crentes, embora escolhidos por Deus Pai, embora justificados pelo sangue e pela justiça de Jesus Cristo, embora santificados pelo Espírito Santo — os crentes são ainda meramente homens: estão ainda no corpo, e permanecem ainda no mundo. Eles estão sempre próximos da tentação: estão sempre sujeitos a julgar mal, tanto na doutrina como na prática. Seu coração, embora renovado, é muito débil; seu entendimento, embora iluminado, continua ainda muito turvo. Eles deveriam viver como aqueles que habitam em campo inimigo, e cada dia revestir-se da armadura de Deus. O diabo não dá trégua: nunca descansa nem dorme. Lembremo-nos da queda de Noé, e Abraão, e Ló, e Moisés, e Davi, e Pedro; e,lembrando-nos deles, sejamos humildes e cuidadosos, para não cairmos também. Creio que estou autorizado a dizer que ninguém precisa mais de advertências do que os ministros do Evangelho de Cristo. Nosso ofício e nossa ordenação não são um seguro contra erros e enganos. A verdade é que as maiores heresias se introduziram na Igreja de Cristo por meio de homens ordenados. A ordenação não preserva nem confere nenhuma imunidade contra o erro e a falsa doutrina. A própria familiaridade que temos com o Evangelho muitas vezes cria em nós uma mente insensível. Somos capazes de ler as Escrituras, e pregar a Palavra, e dirigir cultos públicos, e dirigir o trabalho de Deus com o espírito seco, duro, formal, insensível. A nossa própria familiaridade com as coisas sagradas, se não vigiarmos o coração, haverá de nos desviar. Nas palavras de um antigo escritor, “Em nenhum outro lugar se encontra a alma de um homem em tanto perigo como no ofício de um ministro”. A História da Igreja de Cristo contém muitas provas tristes de que até mesmo os ministros mais distintos podem, por certo tempo, desviar-se. Quem nunca ouviu de Cranmer a desmentir e retroceder suas opiniões que de forma tão decidida defendeu, embora, pela misericórdia de Deus, tenha voltado novamente a sustentar uma gloriosa confissão no final? Quem nunca ouviu de Jewell a assinar documentos que ele desaprovava inteiramente, e de cuja assinatura mais tarde se arrependeu amargamente? Quem não sabe que muitos outros podem ser citados, que, numa ocasião ou outra, foram vencidos de falhas, caíram em erro, e se desviaram? E quem não conhece o triste fato que muitos deles jamais retornaram à verdade, mas morreram duros de coração, e sustentaram seus erros até o fim? Essas coisas deveriam nos tornar humildes e cautelosos. Elas nos orientam a desconfiar de nosso próprio coração e a orar para sermos guardados de cair. Hoje, quando somos chamados de forma especial a nos apegarmos firmemente às doutrinas da Reforma Protestante, sejamos cautelosos para que nosso zelo pelo protestantismo não nos inche e nos encha de orgulho. Não digamos nunca em nossa arrogância: “Eu nunca haverei de cair nos mesmos erros do catolicismo romano ou da nova teologia: eu nunca vou concordar com as ideias deles”. Lembremo-nos de que há muitos que começaram bem e correram bem por certo tempo, e contudo mais tarde se desviaram do caminho certo. Sejamos cuidadosos para sermos tanto homens espiritualmente corretos como protestantes, e tanto verdadeiros amigos de Cristo como inimigos do anticristo. Oremos para sermos guardados do erro, e nunca esqueçamos que até mesmo os doze apóstolos precisaram ouvir da parte da Cabeça da Igreja estas palavras: “Vede e acautelai-vos”.


Este texto é administrado por: Silvio Dutra
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