|
Trabalho no Hospital a mais de 20 anos e nunca vi uma história tão comovente. No geral todas as histórias por aqui são tristes mas essa tem algo em especial, que me faz recordá-la com afeto.
Me lembro de ser um inverno muito frio e eu olhava para janela quando vi mais um paciente sendo internado, era uma jovem muito bonita de olhos grandes e profundeza imensa onde se via uma alma perdida.
Logo descobri que minha nova paciente tinha apenas 17 anos,fico triste ao ver uma moça que poderia ser minha filha em uma situação que nem mesmo um adulto suportaria.
Seu nome é Maya, gosto de saber o nome dos meus pacientes e sua trajetória, posso parecer sentimental, mas para mim o importante não é a doença e sim quem está doente.Meus colegas de trabalho acham essa aproximação perigosa e desnecessária afinal estudamos as doenças e seus tratamentos, não as pessoas.Elas são apenas um trabalho,alguém com uma doença que precisa ser cuidada e é essa doença que vai fazer meu emprego ser mantido e é por causa dela que tenho uma carreira profissional. Quando entrei na faculdade não sabia bem o porque dessa carreira, mas sempre gostei de ajudar as pessoas, nunca pensei que meu sustento viria da doença e sofrimento de alguém.
gosto de pensar que sou pago para cuidar de indivíduos melhorando sua qualidade de vida, sou do tipo que prefiro morrer de fome que ganhar com a desgraça alheia e acredito que muitos pensam da mesma maneira, mas não no Hospital Psiquiátrico Santa Maria.
|
