Poesas
A poesia, altruísta, vinha vestida de calções rasgados
Que pelo tempo perderam a cor
O verso vestia o tempo,
O tempo calado e pacientemente abraçando os beijos de suas mãos
As estrofes, mesmo perdidas e sem riso se quer,
Vestiam a cor do meu sapato e os dentes do meu sorriso
As frases eram feitas de coletes vermelhas, e sussurravam pelas noites
Percorriam avenidas, e bebiam da agua do deserto.
Coitada das palavras, dispersas e desfeitas
Sorrindo como a madrugada, vestiam peúgas brancas e com pontas furadas
As letras andavam sem equilíbrio, meio embriagadas, caindo e levantando
Sujando e limpando-se, falecendo e ressuscitando
E o poeta, como um eterno profeta, com sua alma em pedra
Caminhava sobre as nuvens, descalço e nu
Calmo e na serenidade do vento
Bravo e quieto, reparando os lados onde estavas tu
Com sua alma pendurada, no anzol da arte!
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