ÁLBUM DE FAMILIA
O jantar foi interrompido com abrir do envelope, o pai olhou assustado, a
mãe colocou a mão no coração e a tia esperou o resultado inquietamente sentada ao sofá. Luzita olhou para o filho aguardando suas palavras. A mão de Sean começou a tremer, as lagrimas vieram aos seus olhos ao abrir o exame de paternidade-maternidade.
Diga Sean, o que o resultado diz? –perguntou Luzita.
- Eu não sou seu filho, vocês não são meus pais.
Cristian colocou a mão sobre a cabeça e Luzita se aproximou do filho enquanto sua prima Domingas estava com a mesma expressão facial.
- Não encoste em mim - disse Sean com os olhos ardendo enquanto lagrimas quente desceram em seu rosto.
O garoto desceu as subiu as escadas correndo, Luzita lançou um olhar sobre a prima que estava sentada no sofá e em seguida subiu desesperada atrás do filho. Entrou em seu quarto e ele estava lá debruçado em lagrimas, ela se aproximou de sua cama e colocou sua mão sobre a dele se emocionando também.
- Sean, olha para mim meu filho. – disse ela – Olha pra mim meu filho.
Sean levantou a cabeça soluçando com as bochechas vermelhas.
- Eu vou te contar toda a verdade. – disse a mãe – Quando eu fui te busca-lo no berçário, ou melhor, o outro no berçário, você estava lá.
- Como assim? – perguntou Sean completamente abalado.
- Haviam levado o meu bebê, e colocaram outro no lugar, e você é o outro já com seis meses.
Sean olhou assustado, parecia não acreditar no que ouvia.
- Porque nunca me contou? – perguntou o filho.
- Eu nunca tive coragem – disse a mãe com os lábios tremendo.
Domingas abriu a porta lentamente e entrou de vagar.
- Saia daqui! – gritou Luzita - Você o induziu a fazer o exame.
- Luzita se levantou com tudo e encarou a prima.
- Saia daqui. – disse ela – Saia agora!
- Eu fiz a coisa correta.
- Cala a boca, você já não viu o que fez? – gritou Luzita.
Domingas pegou o álbum da família e rasgou as fotos.
- Isso é família pra você? – gritou ela – Uma farsa.
Sean encostou a cabeça na cama e chorou se levantando.
- Eu vou pra casa da minha a avó. – disse Sean.
- Por favor, Sean, não! – disse ela em vão.
Sean não a ouviu e arrumou suas malas em prantos. Ninguém pode evitar a saída dele. Cristian abraçou luzita sem o peso do segredo guardado por eles há anos.
- Eu te amo. – disse o marido fiel.
- Eu também. – respondeu Luzita chorando.
Deitada em seu quarto Domingas planejava um modo de tirar mais vantagens daquela situação.
A professora Luzita se preparou para dar aula de manhã. Passou a manhã com um grande mal estar, pensava o tempo todo em seu filho e não conseguia se concentrar sua aula. Saiu mais cedo da escola um pouco atordoada, deu uma volta na praça dos pássaros e seguiu pensando sem notar o mundo a sua volta. Um carro preto veio lentamente por trás, quatro homens a cercaram, um deles colocou a mão sobre a boca dela e puxando pelo cabelo a arrastaram até o veiculo, ela foi jogada lá dentro e eles a levaram sem conseguir gritar.
Cristian tinha acabado de chegar do serviço atordoado com o que tinha acontecido no ultimo dia, assim que chegou o telefone tocou e ele correu para atender.
- Alô. – disse esperando que alguma voz respondesse.
- Sr. Jadder, como está? – disse a voz manipulada e distorcida.
Cristian achou estranho aquilo.
- Você de estar perguntando quem somos nós, mas sua esposa já deve muito bem saber.
- O que vocês querem? – perguntou nervoso.
- Sem polícia ou qualquer autoridade, queremos quinhentos mil reais na praça principal.
Cristian permaneceu com as mãos tremendo e a linha caiu, no mesmo momento Luzita foi puxada pelo cabelo e arrastada até o cativeiro pelos sequestradores, ela gritou muito assustada e o líder se aproximou.
- Calada! – gritou o garoto aparentemente novo. – Fica de boca calada! - intimidou ele.
Luzita chorava baixinho na escuridão, quem eram eles? Apenas sequestradores? Ou mais que isso.
A madrugada se foi; com as costas doendo, ela foi acordada e puxada para fora do quarto, eles deram uma vassoura, balde e produtos de limpeza para ela.
- Pode começar madame. – disse o jovem. – Limpe todo o chão desde o inicio do corredor até o final. – Luzita foi muito amedrontada e começou a limpar.
- Só vê se não vai quebrar as unhas madame. – disse um deles.
O jovem deu uma gargalhada debochando. Após luzita limpar todo o corredor ela foi jogada de volta em seu quarto e trancada começou a ficar em prantos.
Sean abriu a porta do lado da avó e procurou o pai que estava sempre ao lado do telefone.
- Pai o que eles disseram? – perguntou Sean preocupado.
- Eles querem quinhentos mil reais, meu filho.
Arminda colocou a mão sobre a boca completamente abalada.
O trabalho não teve fim, ela foi levada para a cozinha e lá permaneceu como uma escrava, sem descanso com fome e com sede, as roupas desleixadas até que o dinheiro do resgate fosse pego.
- Já limpou madame? – perguntou o jovem.
- Estou quase acabando.
- Não, acho que não. – o jovem virou a garrafa de vinho em todo o chão sujando a cozinha. – Se vira madame.
Luzita olhou para ele exausta com as roupas de luxo quase surradas, sujas pelo trabalho feito.
- Acho que nunca trabalhou tanto na vida né, madame. – o jovem saiu de lá gargalhando.
Após do serviço ela voltou para o quarto onde trava trancafiada e tentou adormecer. A porta se abriu e seu carrasco veio com um prato de sopa na mão.
- Vai madame come! – falou em voz alta.
Luzita olhou para o prato e sem pensar muito jogou o liquido quente da sopa na cara completamente furioso, puxou o braço dela com tudo e Luzita gritou.
- Está me desafiando? – sussurrou ele segurando o rosto dela com as duas mãos que tremiam compulsivamente, ela cuspiu na cara dele. Seu olhar mais intenso que qualquer agressão invadia os olhos dela como chamas de terceiro grau. Foi inevitável, os lábios se tocaram, um beijo lento marcado pelo destino e rejeitado pela vida, foi algo estranho, algo que não se explica simplesmente aconteceu. O jovem a empurrou estranhando a própria atitude, ele deixou o quarto e ela se agachou no chão se sentindo mal. Alguns dias se passaram, ele já não vinha intimida-la mais, como na síndrome de Estocolmo, ela sentia um estranho afeto por seu sequestrador.
Em uma escura noite o carro de Cristian finalmente chegara em seu destino, a mala com o dinheiro foi deixada para os homens encapuzados. Em algumas horas Luzita foi retirada do cativeiro, ela olhou para trás como se procurasse alguém, os raptores levaram-na até o carro de seu marido e de lá partiram. Luzita abriu a porta de casa e se deparou com a família.
- Mamãe. – disse Sean chorando. – Mamãe!
Luzita abraçou o filho, completamente emocionada. Arminda veio e abraçou os dois ao mesmo tempo. Cristian apenas sorriu satisfeito com tudo. Domingas chegou no mesmo instante presenciando aquela cena.
- Meu Deus. – falou Domingas – Meu mundinho, minha irmã.
Luzita ficou paralisada como quem não acredita.
- Me dê um abraço maninha. – disse ela a abraçando.
Luzita lançou um olhar de estranhamento sobre a mãe Arminda que quase esboçou um sorriso. Por fora sua vida começava ao voltar ao normal, mas por dentro faíscas ainda queimavam em seu peito como brasas mal apagadas um perto inexplicável.
- Nossa vida vai recomeçar. – disse o marido com um largo sorriso.
Luzita correu pela brincando com o filho, um jogou areia no outro fazendo brincadeiras e dando longas gargalhada. Domingas olhava inconformada como poderia haver união naquela farsa. Sentados á areia Sean olhava para as garotas que passavam.
- Acho que aguenta ficar com uma delas? – perguntou a tia.
- Eu- eu... – gaguejou Sean. – não sei. – respondeu sem graça.
- Relaxa senão não encaixa. –falou Domingas.
- Não liga pra ela não. – disse o pai Cristian, Sean apenas sorriu recatado e ainda sem jeito.
A noite chegou e a família se assentou á mesa, o jantar estava quase pronto, todos conversavam em ritmo descontraído até que cristian se levantou da mesa e um jovem de terno chegou até a sala.
- Pessoal esse aqui é o Estafano, jardineiro da casa.
Domingas fechou a cara com os olhos arregalados, o coração de Luzita acelerou e as faíscas brilhavam novamente.
- Boa noite a todos. – falou o jardineiro engravatado.
- Boa noite. – responderam em tom fraco.
Á partir de aquele momento o jantar para as primas não foi o mesmo, luzita parecia inquieta enquanto Domingas nem tocava na comida.
- Mãe, tem alguma coisa acontecendo? – perguntou Sean.
- Não, tudo bem. – responde a mãe nervosa á mesa.
Arminda também olhou para a filha também notando algo estranho.
Após o jantar luzita se revirava na cama e seu marido adormecido profundamente não notava o quanto aquela noite estava sendo péssima para ela.
Ao começar a cair a madrugada Domingas desceu as escadas e foi rumo ao jardim,no fundo dele encontrou um quartinho no qual dormia tranquilamente o jardineiro.
- O que está fazendo aqui? Você quer mais dinheiro?
O rapaz sentou na cama nada surpreso ao vê-la.
- Eu vim por outro motivo. – disse ele. - Enquanto isso quero que me mantenha aqui.
Domingas balançou a cabeça assombrada com aquela atitude.
- Você precisa ir em borá dessa casa. – falou baixinho Domingas.
- Se arrebentar pra mim, arrebenta pra você. – disse Estefano com um sorriso irônico em seu rosto.
Domingas deixou o quarto temendo ser vista. Luzita evitava se encontrar com o jardineiro, não entendia o que ele fazia ali, por que não deixava sua família em paz? Por que voltava a persegui-la? Queria mais dinheiro? Luzita decidiu dar uma volta no quintal, passou pelas amélias e rosas que eram abençoadas e prestigiadas pelos insetos. Andou perdida nos pensamentos, a luz do sol não invadia o jardim coberto por parreiras e árvores baixas.
- Luzita. – disse o jovem atrás dela. – É esse seu nome?
- Sim. – respondeu ela sentindo uma estranha sensação.
O jovem se aproximou dela com um olhar brilhante.
- Eu voltei por você. – sussurrou ele.
- Fica longe de mim. – disse ela em voz alta.
De um instante pro outro uma tempestade se iniciou, de baixo das gotas grossas ela ameaçou sair daquele local. O jovem puxou seu braço com seu corpo se incendiando por dentro a puxou e deu um beijo nela, ela não recuou, o beijou como se recordasse do mais forte amor de toda a sua vida.
Jogados nas flores como uma metamorfose o amor deles foi transformado pela chuva, pelo solo, pela vida presente naquele local eles deitaram sobre a grama e ali permaneceram. Dias e dias o jardim serviu de abrigo para eles.
A árvore de natal estava enfeitada como nunca antes estivera, as bolas vermelhas mesclava com o pisca-pisca, era lindo o brilho da estrela em sua ponta. Sean sentou entre os presentes coloridos debaixo da árvore como sempre fez desde os dez anos, balançou a caixa para descobrir o que havia dentro uma por uma.
- Querido, você não perde essa mania. – disse a avó Arminda descendo as escadas.
Domingas entrou em casa com os cabelos cacheados, uma aparência especial para o natal.
- Você viu? – perguntou Arminda sentada no sofá.
- Sim, dês do tempo do fax ela não se veste assim.
- Você não presta menino. – gargalhou sua avó Arminda.
O jardineiro entrou na casa e foi até a sala.
- Posso sair mais cedo? – perguntou ele mais cedo.
- Claro Estafano, feliz natal. – disse Arminda.
- Boas festas Estefano. – disse Sean debaixo da árvore.
- Obrigado, feliz natal pra vocês. – disse Estefano partindo.
A festa iniciou, vários convidados permaneceram dançando na sala da família Jadder. Cristian propôs um brinde a todos os convidados, a família se juntou para uma foto coletiva sentados á mesa do jantas, em seguida o relógio bateu meia-noite e todos se abraçaram muito felizes enquanto Luzita sentia falta de alguém não estava ali.
- Luzita aonde vai? – perguntou o marido. – A festa ainda não acabou.
- Vou visitar um aluno que está passando dificuldades. – disse ela com um tupperware em mãos.
Cristian sorriu admirando a bondade da esposa.
Pelo beco escuro ela procurou a porta de numero quarenta, entrou nela com um lenço azul e óculos escuros, suas mãos tremiam de preocupação.
- Luz! Luz! – disse Estefano feliz.
Ela deu um leve sorriso. Estefano deu um beijo profundo na amada.
- Eu trouxe comida pra você. - disse ela colocando a cesta em cima da mesa e deitou na cama com um ar triste.
- O que foi luz? – sussurrou ele perguntando.
Lagrimas desceu no rosto corado de Luzita, o jovem acariciou seu cabelos loiros e deu um beijo quente na bochecha.
- Eu não quero traí-lo. – disse ela referindo-se ao marido.
- esqueça-o. – disse Estefano emocionado.
- Você me ama? – disse Luzita concentrada.
- Meu afeto por você é aquele incondicional que sentimos por uma pessoa na vida. – disse ele.
Estefano se levantou e ligou o radio baixinho. Começou a mexer o pescoço e o corpo em movimentos variados, fechou os olhos e dançou consigo mesmo. Luzita deu dois beijos em seu pescoço enquanto dançava.
- Conheçe Luz?- perguntou ele se referindo a musica.
- De onde vem a calma, não é mesmo. – afirmou ela.
Estafano a puxou sob o som da musica, ela sorriu e ele se aproximou dando um beijo de borboleta nela.
- Quantos anos você tem? -perguntou Luzita sorrindo.
- dezessete. – respondeu ele bem próximo.
- A mesma idade de Sean. – disse ela. – eu preciso ir.
Estefano fez uma expressão triste após o deixa-lo.
O marido estava sentado à cama, lia um livro de romance policial quando a esposa abriu a porta, Cristian olhou para ela e deu um leve sorriso.
- E então como foi lá? – perguntou Cristian.
- Muito bom, meu aluno ficou muito feliz.
- Que bom, hora de dormir. – disse ele respirando fundo.
Luzita sorriu e deitou ao lado dele dando um beijo.
Após sair da escola a professora seguiu ansiosa, entrou no beco e abriu a porta, entrou sem fazer barulho enquanto ele costurava um vestido cinza.
- Oi. – disse ela em uma suave voz.
Estefano levou um susto e a maquina cortou lhe o dedo enfiando a agulha.
- Ai... – pestanejou ele.
Luzita deu um beijo no dedo dele.
- Desculpa, eu não tive a intenção. – disse ela.
- Luz, eu tenho algo pra te contar. - disse seriamente.
- Diga-me Estefano. – falou curiosa perto dele.
- Sua prima me pagou para te sequestrar. – disse ele. Eu recebi uma parte do resgate, e outra foi entregue em uma maleta azul para ela. – disse ele com um ar de desgosto.
Luzita fez uma expressão de inconformada, muito surpresa.
Naquele mesmo dia ela marcou um almoço com sua prima sem dizer nada a Estafano, era um restaurante do centro da cidade muito movimentado e frequentado daquela região. Domingas chegou com os cabelos encaracolados e o vestido vinho.
- Meu mundinho! – disse ela – Como você esta?
- Não seja cínica, sua vagabunda! – disse ela nervosa.
Domingas fechou o sorriso sarcástico trazendo um presente em mãos.
- Você me sequestrou! Roubou meu marido sua desgraçada.
Domingas permaneceu com o olhar paralisado como se estivesse muito assustada e ameaçava chorar em plena mesa do restaurante.
- Você vai pagar numa cadeia! – disse Luzita fora de si.
- Me perdoa? – disse ela com os lábios tremendo.
Domingas empurrou o presente parecendo muito abalada. Com ódio Luzita o abriu, era um álbum de capa preta com brilhantes nas bordas laterais e uma rosa entre o arame. Luzita abriu lentamente, olhou a primeira foto, seu coração gelou, suas mãos iniciaram uma tremedeira descontrolada. Domingas abaixou a cabeça e levantou rapidamente dando uma gargalhada histérica, sua prima olhou até a ultima foto lacrimejando os olhos.
- Calma ai, irmãzinha. – gargalhou Domingas. – Relaxa senão não encaixa.
Luzita colocou o álbum sobre a mesa tentando se controlar.
- Vou falar só uma vez. –disse Domingas. –Cem mil reais por essas gravuras picantes com seu próprio sequestrador.
Luzita ficou calada apenas ouviu, apenas sentiu.
A professora chegou em casa completamente abalada, deixou sua jaqueta e subiu as escadas. Os degraus estavam cobertos por pétalas de dama da noite, o seu aroma entrou pelo seu nariz e ela continuou estranhando cada canto daquela que parecia ser uma nova casa. Entrou em seu quarto e lá estava a garrafa de champagne em um balde com gelo sobre a cama.
- Quer uma taça de champagne minha flor? – perguntou Cristian sentado a cama.
Luzita estranhou a decoração do quarto, sorriu para ele um pouco espantada, havia fotos de seu casamento em todos os porta-retratos do quarto do casal.
Luzita aceitou uma taça de champagne um pouco surpresa. Após lhe dar a taça, ligou o radio antigo e a convidou para dançar depois de anos que de anos do primeiro baile que dançaram juntos.
- Como nos velhos tempos minha flor, - disse o marido dançando com ela como da primeira vez que dançaram juntos.
Cristian abriu o guarda-roupa e pegou o buque de flores das mesmas que jogara pela casa, ela sorriu para ele sentindo um aperto no fundo do coração. Pela fresta da porta Sean sorria ao ver aquela cena.
Os dias se passaram sua prima a chantageando sempre arrancando mais e mais dinheiro dela. Após um longo dia de aula a professora chegou em casa e foi abordad por seu marido antes mesmo de entrar.
- Vamos ir ao cinema? – perguntou Cristian empolgado.
Luzita deu um leve sorriso e mesmo cansada aceitou.
- Esta gostando do filme? – perguntou ele gargalhando.
- Claro Cristian, é muito engraçado. – respondeu ela se lembrando dos tempos antigos.
Na volta para casa os dois se divertiram muito, durante a noite brincavam na rua fazendo sinal de silêncio um pro outro, como dois adolescentes, eles agitavam em cada esquina que passavam.
- Sabe por que uma borboleta foi eletrocutada?
- Espera, eu lembro. – disse Luzita. – Essa é da nossa época.
- Porque pousou num rosa-chok. – falou ele gargalhando.
Luzita deu uma longa risada olhou para Cristian e se lembrou de quando ele era jovem, sua paixão começou a florescer como foi um dia!
Luzita estava inquieta antes do jantar que ocorreria ocasionalmente no jardim da mansão, ela colocou os brincos brilhantes, sentou no chão do quarto agitada.
- O que está acontecendo com você hoje? – perguntou a mãe Arminda muito preocupada.
Luzita começou a chorar e deu um abraço na mãe.
- Mãe. – disse ela baixinho. – Eu estou dividida, eu trai Cristian.
Arminda olhou assustada pra ela.
- Eu amo meu marido e amo Estefano.
- Quem é Estefano minha filia? – perguntou Arminda intrigada.
Luzita decidiu revelar tudo para a mãe, dês de o inicio.
Ao meio-dia do outro dia ela foi até o jardim, pois não era um dia que o jardineiro estava de folga.
- Luz. – disse o jardineiro feliz. – Onde esteve?
- Estefano, nossa relação acabou. – disse ela.
- O que? – perguntou ele. – mas como?
Luzita deu um ultimo beijo nele, as lagrimas escorreram em sua face, era seu único modo, a única sida, se afastar dele e esquecê-lo para sempre, com o coração batendo mais forte ela se despediu.
- Luz, não me deixe. – implorou ele.
- Você lembra tanto alguém, não sei se posso esquecê-lo.
-Luz! – gritou ele após ela virar as costas. – Não me deixe.
Estefano se ajoelhou no chão do jardim e só pode lamentar. Ela decidiu fazer o que não queria para salvar seu casamento, ao chegar em quebradas de uma periferia ela finalmente achou a casa daquele que era tão falado.
- Ela vai sair com a maleta azul de casa. – afirmou ela.
O homem deu um sorriso garantindo o serviço.
- Você entendeu? – perguntou apreensiva.
O homem balançou a cabeça positivamente e deu um sorriso amarelado vestido com um sobretudo negro.
- Então faça o serviço. – concluiu Luzita. - Mate ela.
O homem negociou seu pagamento ansioso.
Luzita recebeu uma ligação do marido que a buscou no centro da cidade para um passeio, chegando ao destino ela logo ficou feliz ao entrar no borboletário. Cristian a levou a um dos primeiros lugares que foram quando ainda jovens, Luzita se encantou novamente ao observar cerca de trinta e cinco mil espécies, um numero que crescera muito desde sua ultima visita.
- Hoje vamos fazer um jantar, Sean e Arminda vão fazer um passeio. Vamos comprar um vestido para você.
Luzita sorriu tentando esquecer o jovem que permanecia em sua mente. Cristian a pegou no colo como quando se casaram, ela deu um grito surpreendida e foi levada para dentro de casa, o jantar já estava posto a mesa enfeitada com pétalas de dama da noite. A empregada trouxe o jantar em pratos negros, um delicioso fricassê lhe era servido como em seu primeiro jantar.
- Está bom – perguntou o marido.
- Está ótimo, Cristian. – disse ela com um guardanapo vermelho.
Cristian sorriu com os dentes brilhantes.
- Poderíamos fazer uma festa de comemoração, aos nossos vinte anos de casamento. Vamos fazer um bolo enorme, pra convidado de todos os tipos vestidos com trajes importados.
Luzita deu um leve sorriso e suas mãos começaram a tremer, lagrimas desceram sem que ela pudesse controlar. O marido paralisou o olhar sobre os olhos dela.
- O jantar não esta bom, Luzita? – perguntou o marido.
Luzita tentou disfarçar limpando as lagrimas.
- É por causa dele que você esta chorando? – perguntou o marido.
Luzita cedeu e começou a soluçar, o marido se levantou com os olhos vermelhos, não estava com raiva, ele estava emocionado, estava como nunca esteve em sua vida.
- Vinte anos da nossa vida jogados fora por um moleque.
- Me perdoa Cristian. – disse ela se ajoelhando na frente dele.
- Você acha que é assim? Tudo que passamos juntos não valeu de nada pra você? Cada degrau que subimos sem largar a mão um do outro. – disse ele chorando. – Levanta Luzita, levanta. – falou em voz alta.
Cristian segurou seu rosto com as duas mãos em prantos.
- Faria diferença se eu dissesse que ninguém te ama como eu te amo? – perguntou em lagrimas.
Cristian deu um soco em todos os porta-retratos, seus dedos estavam machucados enquanto sua esposa permanecia em prantos.
- Viu no que você transformou nosso amor? – disse ele. – eu vou acabar com a vida dele como ele acabou com a minha.
Luzita sentiu seu coração bater mais forte.
- Não faça nada a ele, por favor. – implorou Luzita.
Cristian saiu com ódio da mansão e ela foi atrás. Após alguns minutos Domingas chegou a mansão, revirou o quarto atrás da maleta azul mas por que não achava em lugar nenhum? Procurou em cada canto da mansão o dinheiro do sequestro e nem ao menos o acha o dinheiro que sua prima pagara a ela. Ouviu os risos subirem as escadas até que tirou as roupas e foi tomar um banho se preparando para sair, Arminda encontrou no quarto da sobrinha e viu que estava tudo revirado, sentada a cama aguardou até sua saída.
- A senhora aqui no meu quarto. – disse Domingas enrolada na toalha.
- Porque você esta chantageando sua prima? – perguntou secamente.
Domingas engoliu seco e logo ficou pálida.
- Vamos me diga! Chantagista, oportunista.
Luzita traiu o próprio marido isso é uma infame.
- Não seja cínica. – disse Arminda. – Você armou o sequestro dela.
Domingas ficou ainda mais pálida a ponto de desmaiar.
- Minha filha se apaixonou pelo próprio sequestrador.
- Sua filha é uma vadia, ela não sabe da verdade.
- O que minha filha não sabe? Responda! – gritou Arminda.
- Há pouco tempo fiquei sabendo do erro que cometi, um erro que não da para voltar atrás.
- Do que esta falando Domingas? – insistiu Arminda.
- Eu troquei o bebe na maternidade, para não ter que competir com mais uma peste pela sua herança.
Arminda colocou a mão no coração e seus ouvidos ouviram a ultima revelação, ela arregalou os olhos e sentiu uma pontada no peito, não poderia ter escutado aquilo.
- Relaxa vovó, senão não encaixa. – sussurrou Domingas. – Gente velha é um perigo, morre com qualquer susto.
Caminhando vagarosamente Arminda trancou a porta do quarto.
- Agora vou te dar a surra que você sempre mereceu.
Arminda pegou o cinto atrás do criado mudo, a sobrinha olhou assustada para ela. Arminda puxou a toalha de banho de Domingas, a deixou nua, sem hesitar bateu varias vezes com um cinto em seu corpo, a fivela a machucou o abdômen e as costas. Domingas gritava derramando lagrimas de dor.
- Monstro, você é um monstro! – gritou Arminda.
Após bater muito na porta, Sean conseguiu arrebentar a fechadura. Domingas saiu do quarto no mesmo momento.
Arminda abriu os braços pedindo um abraço ao neto de consideração. Sem entender muito ele a abraçou percebendo a gravidade em que a situação se encontrava.
- Vamos imediatamente atrás de sua mãe. – disse Arminda fazendo uma ligação para a policia local.
A chuva não da trégua, era uma tempestade consideravelmente grande. Com os cabelos molhados Luzita corria atrás do marido para impedi-lo de fazer mal a Estefano.
O bairro estava pouco iluminado, Cristian virou a esquina e encontro Estéfano se preparando para entrar no carro com uma maleta azul, Luzita logo atrás deles observou o olhar de ira que seu marido fez seu amante, foi quando ela notou em uma janela do prédio o cano de um rifle ser mirado para seu amante, Estefano olhou para Cristian notando que tudo havia sido descoberto.
- Não! – gritou Luzita em pânico.
O estrondo veio e acertou o peito de Estefano, ele caiu com tudo no chão ensanguentado. Luzita correu até ele e gritou para que seu marido chamasse uma ambulância.
- Estefano. – disse ela chorando. – Estefano, resista.
- Luz. – disse ele. – Você é minha luz.
Luzita o abraçou com a roupa também suja de sangue, chorou compulsivamente, era uma dor insuportável, a dor mais forte que alguém pode sentir.
Sean chegou perto da ambulância, após ouvir toda revelação que sua avó contou no caminho para lá, ficou sentado á calçada junto com o pai enquanto Arminda entrara na ambulância junto com a filha.
- A policia não a deixou escapar. – disse Arminda.
Luzita olhou para ela segurando a mão de Estefano completamente encubado com fios por toda parte.
- Sabe por que você sente algo tão forte por ele? – perguntou Arminda com os lábios tremendo
- Por quê? – perguntou completamente abalada.
- Eu espero que um dia ainda em vida você perdoe sua prima. – disse Arminda chorando. – Ela trocou o bebê no berçário, seu filho biológico cresceu em uma periferia longe de você por causa da minha maldita herança. Mas perdoe sua prima um dia, foi o destino, ela não sabia.
- Me diga mãe! – gritou ela. – Por favor, me diga.
- Estefano é seu filho. – disse a mãe.
Luzita colocou as mãos tremendo sobre a boca, á partir daquele momento se lembrou de cada momento que se passou com ele. Deitou a cabeça sobre o abdômen dele, choraram silenciosamente como mil facas entrando em seu coração, Estefano sorriu em seus últimos minutos de vida, ela só pode retribuir o sorriso. Havia tirado a vida do próprio filho, deu um beijo de borboleta nele não como sua luz, mas como mãe e filho.
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