A lua reluzia na superfície do mar, condensada na escuridão, nesse único ponto de luz que parecia cortar o oceano até suas profundezas, revelando seus segredos, suas cores, sua frieza, sua falta de ar, que impunha sua impenetrabilidade sobre mim. A lua, por si, persistia rasgando delicadamente todo o oceano, parecia procurar por toda aquela imensidão azul uma maneira de me levar até você. Hoje todo o mar está escuro, como se quisesse me mostrar que você não pertence mais a ele, e nem mais a imensa claridão da lua pode atravessá-lo, pois até ela mesma se escondeu. Os sinais deixados são claros, e eu não posso se quer enxergar nessa escuridão, dando conta de que você se tornou apenas livremente sua. Como uma estrela que aos meus olhos morre, quando na verdade apenas deixa de aparecer no vazio do céu, se dando a eternidade em liberdade, vivendo de um grande amor ou sobrevivendo de uma simples paixão, ainda que perdendo toda sua cor e brilho, se atira ao infinito, e assim, vive.
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