Que Diamantina é uma cidade hospitaleira, todos nós sabemos e reconhecemos com justiça. Que a cidade é um celeiro de artes, cultura e humanismo, também. Assim não é surpresa vermos atitudes grandes brotarem de uma raça gigante.

     As boas fadas me fez ver e sentir a grandeza desse povo, de forma inusitada. Tal como a lenda de Ariadne, fruto da maravilhosa invenção intelectual coletiva do povo grego, que fala do destino tecido e engendrado por forças superiores e que nos fogem do nosso alcance e vontade. Foi no dia de sexta-feira, 28 de outubro passado.

     Fui à Diamantina para o Curso de Capacitação dos Gestores Culturais do Vale do Jequitinhonha, realizado com a parceria da Fevale, Fundação João Pinheiro, Prefeitura e Secretaria de Turismo e Cultura de Diamantina. Para começar peguei carona com Geraldo Durães, agrônomo da EMATER-MG, que de Capelinha volvia ao lar e ao convívio dos seus em sua bela Diamantina. Belo exemplar de ser humano que honra sua terra e sua gente. Produto dessa genealogia norte-mineira, miscigenada pelo amor entre as raças e cristalizada pelo amor ao seu meio e ao seu mundo, Geraldo Durães é bem a cara da sua terra: corpo, alma e coração a serviço do semelhante.

     Estava Durães em cumprimento de seus deveres, visitando o Reassentamento Riacho da Porta (Usina Irapé), quando junto dele reencontrei-me com velhos amigos que migraram do município turmalinense para as plagas tejucanas. Quanta alegria rever a viúva do meu prezado amigo Sebastião Faria das Neves, dona Glicéria de Jesus, ao lado de seus filhos. Também o prezadíssimo José do Socorro Martins, velho companheiro de lutas e percalços. Alma e coração juntos, todos afirmavam sua inabalável confiança no futuro e no destino que lhes fora traçado, abandonando a terra de suas vidas e infâncias para se firmarem em nova pátria. Tomei conhecimento da saudade e da tristeza que invadem os mais velhos e dos sonhos que povoam a juventude ali residente.

     Nenhuma dessas noticias foi mais alvissareira do que a recepção dada às cerca de 15 familias que para ali migraram, pelo ilustre Gustavo Botelho Júnior, atual prefeito da cidade de Diamantina. O senhor José do Socorro disse-lhe que estava chegando para continuar sua caminhada, em honra e paz, e contribuir para a grandeza da terra que os estavam acolhendo de braços e corações abertos. Não vinham fugidos, não vinham deserdados, não vinham de terra de ninguém. Vinham antes da inesquecível Turmalina, terra em que primeiro viram a luz do mundo. Suas esperanças era a de progredir, produzir, colaborar. O prefeito, alma e coração unidos na boa intenção e na fidalguia, colocara-lhes frente a frente todo o secretariado municipal. Prova de respeito humano. Sua alocução foi bela e fidedigna. Sincero, lembrou a todos que o mundo passa por percalços, mas a mão estendida não lhe seria negada.

     Foi pelo que se tem noticia, um dos poucos gestores municipais a tomar tal atitude. Pagaremos com a gratidão o bem que fez a nossos conterrâneos ali emigrados. Guardaremos nos escaninhos do coração e da alma tal atitude nobre e fidalga.

     Quem doce e ameno no trato for com os emigrados, estará adoçando o coração daqueles que ficaram na sua região de origem. Turmalina lhe ficara eternamente grata. Deus lhe pague em felicidade e paz o respeito e a estima pela nossa gente e pela nossa terra.

Outros títulos do mesmo autor