Por John Piper
Amelhor maneira de começar esta leitura é tomar agora cinco segundos e orar: “Pai celestial, permite que o teu amor se manifeste em minha vida da maneira como se manifesta no céu”. Com todo o seu ensino sobre o amor, o apóstolo Paulo também rogou a Deus que fizesse o amor crescer no coração dos crentes. “E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção” (Filipenses 1.9). “O Senhor vos faça crescer e aumentar no amor uns para com os outros e para com todos, como também nós para convosco” (1 Tessalonicenses 3.12). “Assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor” (Efésios 3.17).
Ao orar desta maneira, Paulo fazia um apelo urgente. Por quê? Porque o que estava em jogo no amor de “uns para com os outros e para com todos” era um conceito imenso. O que estava em jogo era uma demonstração convincente da realidade de Deus no mundo. Jesus descreveu assim o impacto da unidade do amor: “A fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim” (João 17.21-23). Talvez não possamos entender tudo isso plenamente. No entanto, é claro que algo tremendo está em jogo, na unidade prática do amor no corpo de Cristo.
Ou considere João 13.34-35, quando Jesus disse: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros”. Uma das marcas públicas indispensáveis de um crente é o amor aos outros crentes. Jesus admitiu que o mundo está observando e fazendo julgamentos a respeito disso. Ele tenciona que seja desta maneira.
Ou considere Mateus 5.16: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”. A glória de nosso Pai celestial está em jogo no tipo de boas obras que fluem de nossa vida.
Com base em todas estas passagens, entendo que crescer no amor significa também crescer em evangelismo e missões, no cuidado pastoral, no casamento e na maneira como nos relacionamos com as pessoas das quais discordamos — e em quase todos os outros aspectos de nosso viver. Não causa admiração o fato que Paulo tenha chamado o amor de “o maior destes” (1 Coríntios 13.13).
Nos primeiros séculos da igreja cristã, os crentes vivenciavam um tipo de amor que nem sempre recebia aprovação, mas que, na verdade, testemunhava a respeito de Cristo. A Epístola a Diogneto, escrita no século II, afirma: “Eles amam a todos e são perseguidos por todos... são pobres e enriquecem a muitos; carecem de tudo e têm abundância de tudo... São injuriados e bendizem; são insultados e pagam o insulto com honra. Fazem o bem e são punidos como malfeitores; e, na sua punição, se regozijam como se por meio disso recebessem uma nova vida” (citado em A New Eusebius, editado por J. Stevenson, London: SPCK, 1968, 59).
Justin Martyr, escrevendo sobre o mesmo tema, descreve os cristãos de seus dias: “Antes odiavam e destruíam um ao outro, e por causa de maneiras diferentes de ser não se associavam com pessoas de outros grupos; agora, desde que conhecem a Cristo, vivem familiarmente com eles, oram por seus inimigos e se esforçam por persuadir aqueles que os odeiam injustamente a viverem de conformidade com os bons preceitos de Cristo, a fim de que, no final, eles possam tornar-se participantes da mesma esperança e alegria, como recompensa da parte de Deus, o soberano de tudo” (First Apology, capítulo 13).
Esses testemunhos da igreja primitiva não nos enchem com um intenso desejo de amar da maneira como eles amaram? Oh! que tornemos famoso o nome de Cristo, por meio da diferença radical de nosso amor — aos amigos e aos inimigos! Para obter isso, eu oro como Paulo: “O Senhor... [nos] faça crescer e aumentar no amor uns para com os outros e para com todos” (1 Tessalonicenses 3.12). Esta é a grande obra de Deus, o grande e primeiro fruto do Espírito Santo: o amor (Gálatas 5.22). “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor” (1 Coríntios 13.13).
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