"Como aqui não posso colocar foto para que se identifique quem originou este escrito, informo que foi um gato que da rua vizinha apareceu em minha casa e por um tempo se fez hospede, isto é um fato real..."
Amizade não se escolhe...
Celso Gabriel de Toledo e Silva – CeGaToSi®
Poeta de Luz® - Arquiteto de Almas®
Poeta dos Sentimentos®
Concebida em: 21/março/2012
Da rua vizinha ele veio, ressabiado de começo,
Olhava e olhava, havia o querer se aproximar,
Ainda apenas havia longo seria este tempo,
Proximidade e carícias, observações e sondagens;
De repente uma atitude, em silêncio a casa adentrou;
Passeou por cada cômodo, reconheceu o ambiente,
Instalou-se onde quis primeiro na cadeira da cozinha,
Dias depois próximo a mim, nascia uma nova amizade;
Homem e animal em cumplicidade e harmonia,
Até entre cão e gato era paz, juntos viviam a deitar,
Respeito se fazia o lema, ganhou seu espaço e cesto,
Cada qual escolhera seu lugar na casa a seu modo;
Meu cão próximo aos meus pés, como sempre fazia,
Este novo amigo escolheu ficar entre meus escritos,
Éramos companheiros quase frequentes neste vivenciar,
Mas da vida nada conhecemos, e eu me perguntava;
Raro era o seu dormir no conforto, o que faria então,
Vinha mesmo se fixar no dia, pela água e alimento,
Pela dose necessária de aconchego e permissões mútuas,
Da noite sua vida nada eu sabia, ia e vinha e se seguia,
Contava mesmo para nós o tempo que nós tínhamos,
A convivência, os afetos já compartilhados e verdadeiros,
Um amor sem palavras, feito de gestos reais,
Havia saudade, mas não solidão, um mundo simples e feliz;
Como tudo tem seu destino, disto nós não fomos poupados,
Do jeito que viera deixou de estar, ausente mais se fazia,
Restou-me a preocupação, a dúvida, inúmeros porquês,
Desaparecera sem avisar, sem um simbólico adeus;
Antes do fim desta amizade, de repente ele retornou,
Já tão diferente, quase um estranho, nem o reconhecia,
Creio que demorei a compreender, foi difícil entender,
Muitas vezes os olhos se enganam que dirá o coração;
Quando pude perceber já se fazia tarde o ajudar;
Sua última chegada foi conturbada e estranha,
Começava agora ter a compreensão e busquei ajudar...
Parecia que ambos já percebíamos que era final;
Seria de fato o último contato real entre nós,
Saiu em disparada, atropelado, não mais voltou,
Quanto quis saber algo, mas sequer sabia de onde viera,
Apenas da rua vizinha, era o que via, assim imaginava;
Numa dessas manhãs que ainda o chamava em vão,
Mesmo assim ofertava seu leite, a mesma rotina,
Soube por outros lábios a resposta que mais temia,
Fora encontrado logo cedinho, solitário e já sem vida;
Restaram lembranças, fatos, ainda algumas dores,
Poucas fotos, mas de valor inestimável, prova cabal,
Da presença e veracidade das palavras, das emoções,
Da tristeza que por vez me acomete e lágrimas rolam de minha face.
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Espera-se a sua visita:
http://arvoredossentimentos.blogspot.com.br
Muito obrigado!
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