Amanhã uma reuniao tensa colocará em dúvida minha crença na humanidade.
Eis que, de súbito, surge a redenção.
Dois anos e muita estrada depois, o reencontro, a festa, o enlevo
sua vida interior pujante se espalha sobre a mesa e oferece à minha um banquete de palavras ao qual saboreio com sofreguidão.
Foram quatro horas de prosa poética e sigo com fome.
fome das ideias dele, fome da visão sensível do mundo, fome da voz, fome da presença.
essa fome que nao passa...
Ele me achou serena. Nem desconfia que a vida me arde por dentro.
E seguiu sem saber que nao deveria acreditar na minha inútil retórica, é no silêncio que me revelo,
Nem imagina que minhas fragilidades se afugentam no primeiro encontro lá pro recôndito da alma,
Ah, ele se foi sem desconfiar de tanta coisa...
ignora que meu mar de calmaria se agitou com a presença dele,
e agora ele é esse mar de tormenta que desagua dentro de mim.
E suas perguntas reverberam aqui: ondas gigantes, indo e vindo.
Sem respostas, sou inquietude.
Uma menina assustada diante do incompreensível.
E sinto uma falta profunda dele.
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