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A Verdade Sobre o Surgimento da Mulher
Milvo Rossarola

               No mundo antigo, como no contemporâneo, há diversas teses e lendas que tentam explicar o surgimento da mulher. De todas elas, a que mais me intrigou, foi a cristã: a mulher, a primeira teria sido chamada de Eva, surgiu de uma costela de um homem chamado Adão. Ora, mais logo de uma costela? O que teria a ver a mulher com uma costela humana? Por via das dúvidas, comecei a contar as minhas: uma, duas, três... Enfim, para o meu alívio, todos os meus doze pares estavam no lugar, ufa...
           Cada vez mais intrigado e inconformado com a tese cristã, comecei a pensar como realmente teria surgido na face da terra, a nossa mulher. Continuei na mesma linha de raciocínio, isto é, o sexo frágil (nem tanto assim, pois já existem homens apanhando de mulher!), teria surgido de algo pré-existente, como por   exemplo, de uma pena de ave, de uma topada de Adão, do dia que o nosso ilustre personagem tenha comido algo novo que não tenha lhe feito muito bem aos intestinos, mas enfim, de qualquer coisa que se possa imaginar. Se bem que, para mim, nenhuma dessas hipóteses é coerente, mas para muitos homens são, pois acham que as mulheres pensam que o céu é perto, acham que elas são verdadeiras pedras nos seus sapatos, são verdadeiras titicas de galinha ou a própria... Calma leitoras, não me xinguem e nem rasguem o texto, não é essa a opinião que tenho sobre vocês, por favor, calma...
          Mas continuei a pensar, pensar e pensar (não se surpreendam, nós homens, também pensamos!). Finalmente cheguei a conclusão: a mulher veio realmente de uma parte do corpo de Adão. E não foi das costelas, como diz a tese cristã. O leitor já deve estar impaciente e a leitora querendo me assassinar, mas ambos devem estar perguntando a si mesmos, de onde teria surgido a mulher afinal? Explico.
          Há muito tempo atrás, na criação do mundo, no tempo do arco-íris em preto e branco, os seriados japoneses nem existiam para alívio dos pais da Idade da Pedra, nosso Adão perambulava pelo Paraíso (só não entendo como podiam chamar aquilo de Paraíso, afinal, nossa Eva ainda não existia!), seu corpo ainda não estavam totalmente formado e dentro do seu peito, havia um coração de cinco cavidades e não as quatro atuais. Faltava sobre o mesmo, a proteção justamente das nossas polêmicas costelas, de modo que, o seu coração ficava sem nenhuma proteção.
          Mas Adão andava por lugares desconhecidos, distantes, diferentes, terras inexploradas, plantas misteriosas. Foi numa dessas andanças, que algo totalmente novo surgiu à sua frente, diferente de tudo que já havia visto: uma flor que, milhares de anos mais tarde, dariam o nome de Rosa. Adão atônito observava de longe, receoso, mas como a curiosidade humana já existia naquela época, aproximou-se. Um brilho incandescente surgia daquela flor. Brilho que se irradiava em todas as direções, uma forma pura de energia. Foi quando Adão abaixou-se para pegar a flor. Nesse momento, o seu coração caiu sobre a Rosa, desprendendo-se uma cavidade. Adão, confuso e com medo, pega o seu coração de volta que agora só tem quatro cavidades e recoloca dentro do seu peito e nessa hora, voltam à cena as nossas tão simples e tão polêmicas costelas cobrindo o peito de nosso personagem.
          Uma metamorfose mágica começa da união da cavidade do coração de Adão, com a Rosa. Ele, espantado e com medo, afasta-se, observa de longe aquela cena curiosa. Um forte e intenso brilho surge daquela união. Uma silhueta estranha vai formando-se. Uma forma não existente, diferente de tudo o que havia no Paraíso, quero dizer , dos primeiros dias da Terra, pois a nossa Eva ainda não existia. Mas de repente, daquela união mística surge a nossa tão querida e polêmica mulher. Agora sim podemos chamar de Paraíso e como podemos, hein? Adão sozinho com a Eva e sem sogra! Imaginem só: sem sogra, sem so-gra, sem s-o-g-r-a! Morram de inveja mortais da Idade Contemporânea, ainda por cima com aquele mundão só deles, não me admira que a população humana tenha crescido tanto...
          Com isso, chega ao fim a nossa polêmica. Com tanta sensibilidade, amor e carinho, a mulher teria mesmo que surgir da união de um coração com uma Rosa, afinal, de onde teríamos essa maravilha da natureza? Das costelas?


Biografia:
Sou professor de língua portuguesa e espanhol no estado de Pernambuco na rede privada de ensino. Sou nascido em São João do Meriti - RJ, mas resido em Recife há vários anos.Produzi pesquisas na área de metodologia de ensino de Literatura e áreas afins. Já publiquei uma crônica em um jornal de circulação no estado de Pernambuco e tenho um livro já publicado. Atualmente trabalho em mais alguns livros e tenho um site dedicado à literatura, bem como à Educação.
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