DeFloPruCamRodAfNiHerVenDelEpiBerWas,
Mnemotécnica mistura que agrega presidentes
Do Brasil, naturalmente, ou serão da Petrobrás?
No cenário nacional, sempre estarão presentes.
Pertencendo à pré-história em letárgico abandono,
Manuais os mencionam, são objeto de provinha.
Sombras sem significado, príncipes fora do trono,
Sombras são, desiludidos galos mortos numa rinha.
Linda terra que se canta do exílio impiedoso,
Sem saber como gorjeiam as aves de aqui e lá.
Um passado bem opaco, um presente tenebroso,
O futuro, com certeza, faz cantar o sabiá.
Triunfar de nulidades, foi cansando Rui Barbosa,
O brilhante , insuperável , carismático orador.
Com discurso memorável ilustrou a nossa prosa,
Pena foi ter sido ele péssimo administrador.
Ecológico achado foi nossa águia em Haia.
Mas, extinta a espécie, só nos resta a lembrança.
A virtude se afasta, imperou maracutaia.
Papas da economia praticando pajelança.
O grotesco que nos cerca hoje é fenomenal,
Os valores subvertidos buscam um significado.
Se Ratinho e Tiazinha são a glória nacional,
É provável que a sorte tenha nos abandonado.
“Brasileiro não tem sorte” já faz tempo é refrão,
Ao voltar lá nos cinqüenta, já o ditador Getúlio
Tropeçou no episódio Toneleros e, então,
O Brasil já apanhara do exército de Obdúlio.
Falecido em agosto, pranteado pelo povo
E amigo dos nazistas, não fanático, mas mini,
Reformou na marra a terra e criou Estado Novo,
Fã não era do Adolfo, apreciava Mussolini.
Nem passada a procela, foi eleito Juscelino
Do sorriso cativante vagamente irresponsável.
Alterado foi de novo nosso rumo, o destino
parecia sorridente; o futuro, admirável.
Em um lustro pretendia meio século andar.
Num lugar desconhecido fez surgir a capital
E uma dívida enorme, que não se pode pagar.
Mas brotou um novo estado: o Distrito Federal.
No embate sucessório, despontou o Adhemar,
Que roubava, mas fazia, pelo menos se falava.
E com ele disputaram Jânio e um militar.
Comedor de mortadela, o Bigode os suplantava.
Que loucura! exclamamos, a vassoura triunfar!
O garoto propaganda da bebida destilada
Decidiu, no seu delírio, forças ocultas enfrentar
Com renúncia, coroando a manobra desastrada.
Foi um trauma coletivo. Quem seria o sucessor?
Normalmente entra o vice, mas do vice, o cunhado
Cochichou que, pós-vassoura, sempre vem aspirador.
Esperança vã de vice que acaba exilado.
Vibra a politicalha e as juntas camponesas.
Sai a marcha das peruas, a família defendendo.
Acabou sendo manchete “As retrógradas coesas”,
Militares assumindo, a esquerda se escondendo.
Fala-se em anos negros, em entulho autoritário,
Foi a tal da ‘redentora’, guerra fria tropical.
Se não foi, como alhures, um evento sanguinário,
Inocentes sucumbiram nesta pugna nacional.
Mesmo tendo a censura cada dia mais ativa,
O Vandré falou das flores, e o Chico com a banda,
Entre um pileque e outro, fez girar a Roda Viva,
E voou para Itália, apesar de ser de Hollanda.
Nesse bolo também houve vítimas sem sofrimento.
Chico foi para a Itália, e um britânico destino
Arrastou o Caetano, com o Gil sem documento,
E o Flu do Chico Buarque contratou o Rivelino.
Surgiu um Castello Branco, sem pescoço, mas correto.
Convocou Roberto Campos, que não era perdulário,
A seguir, na presidência, um milico obsoleto
Foi objeto de piadas, um pilar do anedotário.
Neste ambiente conturbado governava com afinco,
Com Yolanda peruando, e o caldeirão fervendo.
Nada fez de criativo, publicou o AI cinco,
As pressões aumentaram. Ele as evitou, morrendo.
Faleceu o pobre Costa, e o Silva se foi junto.
Um Emílio, de radinho bem colado no ouvido,
Foi ser tricampeão do mundo, e o único assunto
Era impresso em adesivo: ou amar ou ser banido.
Só falavam em milagre no setor da economia,
Crescimento incessante com começo e sem fim,
E se o bolo da riqueza ao crescer não dividia,
Defensor da teoria era o professor Delfim.
Tropicália contrastando com Emílio de saída.
Um prussiano assumindo com a fama de honesto,
Pragmatismo responsável implantou ainda em vida.
Centralizador soturno este foi o Grande Ernesto.
Afastou a linha dura, encostou de vez o Frota,
Assumiu a transferência do poder para os civis.
Tinha ainda Figueiredo para preencher a quota.
Boa gente, safenado, com idéias infantis.
O azar de presidente é que, ao abrir o bico,
O que diz ou o que pensa ao fundo vai levá-lo.
Com o FIG o repertório de piadas foi bem rico,
Ao pedir que o esqueçam e o cheiro de cavalo.
A política circense iniciou lançando a lona
Com Arraes, o Brizola e Ulisses, o infante.
Eleições indiretas e um caroço de azeitona,
Candidato pela Arena, com passado infamante.
O processo sucessório para tanto desenhado
Transferiu toda tarefa ao colégio eleitoral.
Democrático se era, era muito arriscado,
Pois o nível do colégio não chegava ao colegial.
Mesmo assim, quando votaram, o sucesso foi parcial,
Pois o novo presidente, sucedendo ao Figueiredo,
Foi eleito, mas, sem posse, faleceu no hospital.
Essa foi a triste sina do político Tancredo.
Foi o vice do Tancredo, o glorioso Ribamar,
Que, político astuto, mas bastante limitado,
Um poeta sem talento, resolveu se ilustrar,
Ao brindar a pátria-amada com o tal plano cruzado.
Prorrogou pra cinco anos o que antes era quatro.
O cruzado dois, pecado! Não passou de estelionato.
Para que todos soubessem que política é teatro,
Reforçou a teoria, alongando o mandato.
Presidente ou poeta, dúvida que dilacera
Misturar a poesia com os mais altos desígnios.
Observar lá do Planalto alto na estratosfera,
Marimbondos de que tipo? ébrios ou ígneos?
Engraçado, a anistia que foi ampla e irrestrita,
Do passado agitado praticou tábula rasa.
Mas o que ninguém previa deixou a Nação aflita.
Foram Quercias et caterva bagunçando essa casa.
Num passado não distante, o petróleo deu um choque.
E pressões de toda sorte, de uma forma traiçoeira,
Influíram de tal modo que nova pedra de toque
Já não era o trabalho sim, ciranda financeira.
Uma nova peneirada segregou plantel seleto
Com Afif, Maluf, Brizola e um xis alagoano.
Seu discurso inflamado e seu linguajar direto
O tornaram postulante, tudo em menos de um ano.
Um eleitorado amorfo viu centrar-se a disputa
Entre aquele que dizia ter caçado marajá
E um aposentado jovem, metalúrgico batuta
Que, querendo ou errando, falou em maracujá.
Era ele, sim, o Lula, grande líder sindical,
Que de Garanhuns trazia ideal esquerdizante.
O fazia sem ater-se ao rigor gramatical.
Cuba ele venerava, de charuto sendo amante.
Para muitos foi duelo entre o belo e a fera.
A voz rude ciciante com a inflexão lulesca,
Ecoando na telinha, incendiou a atmosfera
Num debate acirrado e de conclusão burlesca.
Decidido foi o pleito, quando sem mudar o tom,
Collor questionou o Lula sobre um pretenso aborto,
Sobre ter na casa dele uma instalação de som.
Pode parecer piada, mas o Lula tava morto.
O “felizes para sempre” só se vê em conto de fada.
Se a inflação galopa, com um só tiro não dança.
A promessa era essa, mas no fim não deu em nada,
Com horrível experiência: o bloqueio da poupança.
As figuras de destaque foram Eris, das torneiras
Irrigando a economia com medidas de dedal,
Sem poder deixar de lado a ministra sem maneiras,
Que dançou Besame Mucho, enlaçada com Cabral.
Um irmão enciumado, outros dizem preterido,
Colocou muita farofa, ligou o ventilador,
Com PC e com propinas, o valente aguerrido
Foi passar para a História: delinqüente sem pudor.
Começou um movimento para destruir o mito.
Os cosméticos entraram nessa louca disparada,
Tanto que o pobre diabo derrubado foi no grito,
E assim nasceu a lenda do herói cara-pintada.
Resultado da catarse? Mais um vice assumindo,
Com topete arrogante, fala nada bonachona.
Pão de queijo e ignorância a nação foi deglutindo,
Que faltava em neurônios, sobrou em testosterona.
Episódio Lilian Ramos: nosso fauno apaixonado,
Agarrou a sem-calcinha como não querendo nada.
Toda a corte de pileque e o topete desvairado
Quase torna a fulana em Primeira Namorada.
A história hoje registra, como soube ser ingrato.
Monoglota sem talento, alternando namorada,
Mercurial e rancoroso, indivíduo caricato,
Foi premiado, pela birra, ao ganhar uma embaixada.
Demonstrou após uns anos que ainda era pouco.
Inventou a “moratória pão-de-queijo”, que bacana!
Vários são os que sustentam: ele tudo tem de louco.
Não passou de elefante em bazar de porcelana.
Nosso tetracandidato, ex-barbudo agitador,
Enfrentou Fernando Henrique, ex-ministro da Fazenda,
De quem com maldade dizem: Fez o seu antecessor.
Bastou ao Efe Agá um turno. Resolveu-se a contenda.
Houve aqueles que sobraram e lembrados nem estão,
Como o histérico barbudo, um fascista visceral,
E o Itamar, fincando os seus quatro pés no chão,
Foi passiva testemunha do nosso Plano Real.
Este plano, com certeza, longe é de ser perfeito.
Conseguiu, no entretanto, chegar quase a ideal,
Tanto é que o pobre Lula apanhou não teve jeito,
O Real foi do Fernando o seu cabo eleitoral.
Da Sorbonne para o Planalto, sonho de nefelibata?
É difícil, Presidente, pois parece que tem dito:
Fora, fracassomania! Registrou alguém em ata:
É mister que se esqueça tudo que tenha escrito.
Sabe-se o mundo muda, com clichês aparecendo,
Tudo está globalizado e, para ser competitivo,
O gigante adormecido começou se desfazendo
De estatais ineficientes com seu ranço corrosivo.
E agora? Se olharmos, FH já foi refém
De políticos argutos que aqui não mencionei,
Entre eles ACM do qual se dirá também
Que por uma picuinha dançou o “uai em ci ei”.
Sem aviso, o São Pedro se tornou oposição.
Planejaram, esquecendo que ele andou meio pinel.
Resultado, o dilema: ter ou não ter “apagão”.
Há carreiras que soçobram numa sombra de painel.
Caravela que afunda e a Pátria combalida.
Perguntamos: que seria, se por um funesto azar,
Ao comemorar, com pompa, cinco séculos de vida,
Com Cabral outro embarcasse, sem ser o Sancho Tovar?
Se ao norte os levasse esse outro navegante,
De Wall Street, Rua do Muro, iria ao mundo inteiro.
Resultado do capricho de um piloto delirante,
O que hoje nos distingue: o jeitinho brasileiro.
Sempre há um desafio, ganhará quem menos erra.
A exemplo de Colombo, para cativar o povo,
Todos se lembram do episódio no qual acertaram Serra.
Para ambos virar mito, será suficiente um ovo?
Viva a democracia... mas impera o improviso
Com reformas hibernando: as fiscais e tributárias.
Ao menos, não há risco de se ler, sem prévio aviso,
No “Estado de São Paulo”, as receitas culinárias.
Surge o repto do milênio: Vamos pôr o Lula lá.
Alternância de poderes, marketing politiqueiro,
Lula light é a imagem que avança para cá.
Parem com “Deus nos livre”. Deus foi sempre brasileiro!
Eleições se aproximando, com o Lula favorito,
Os debates esquentando colorindo essa lide.
Com o Duda em grande forma, dando brilho ao novo mito,
Que tropeça num debate sem saber o que é a CIDE.
Chega o segundo turno. Foi a sova esperada.
E o medo finalmente apanhou da esperança,
Fidel Castro veio à posse. A torcida embalada.
FH transmite a faixa. E de lá rumou pra França.
Entra um novo ministério. Muitos vêm da repescagem
Companheiros de jornadas de oba- oba e lero-lero
É preciso competência, ousadia e coragem
Não um quê de propaganda no famoso Fome-zero.
Aos poucos, os mercados se refazem do seu susto
Risco do País despenca , fala-se em continuísmo.
Lula fica no palanque e então nada mais justo
Que combine a seu modo liderança com turismo.
Entre Davos, Porto Alegre, a República avança
Sobram bingos, Waldomiros, descartando os radicais.
Outra música, decerto, permanece a velha dança.
Vez por outra uma gafe é notícia nos jornais.
E no meio disso tudo , uma falha imperdoável
Impossível esquecer-nos que o Brasil de hoje ostenta
Galardão que o distingue de maneira insofismável
É no futebol , paciência, mas aí, nós somos ‘penta’.
Trapalhadas não nos faltam. Chamam-nas de fogo amigo.
Nossa Câmara caminha ao encontro do destino.
Mas como essa brava gente só cultua o umbigo,
Vem do nada uma bomba , que se chama Severino.
Desde sempre foi mais fácil pedra ser e não vidraça.
É tranqüilo só com vaia tentar abalar a fé?
É mister que alguém diga: Em vez de apupos, faça
Mesmo se não for velhinha, residindo em Taubaté...
Pode ser que alguns versos tenham sido ofensivos.
Se ofensas houve, saibam que não foi proposital,
Pois ficções, bem se sabe, nunca poupam adjetivos.
Toda e qualquer semelhança sempre é acidental.
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